A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, popularmente conhecida como Igreja Mórmon, anunciou nova mudança oficial em sua política de exclusão das mulheres de serviços ministeriais eclesiásticos, possibilitando uma maior inclusão das fiéis em serviços até agora de domínio exclusivo dos fiéis homens.

Templo de Salt Lake, em Salt Lake City, Utah (Foto: Ken Lund)
O profeta mórmon e Presidente da Igreja SUD, Russell Nelson, anunciou a mudança hoje para as Autoridades Gerais da Igreja durante a sessão de liderança da 189ª Conferência Geral Semi-anual. Durante o seu anúncio, Nelson deixou claro que doravante mulheres serão permitidas a:
1) Servir como testemunhas de batismos de pessoas vivas;
“Qualquer membro batizado da Igreja pode servir como testemunha do batismo de uma pessoa viva. Essa mudança se refere a todos os batismos fora do templo.”
2) Servir como testemunhas de batismos vicários de pessoas falecidas;
“Um batismo por procuração para uma pessoa falecida pode ser testemunhado por qualquer pessoa que possua uma recomendação atual do templo, incluindo uma recomendação limitada para o templo.”
3) Servir como testemunhas de selamentos (casamentos templários).
“Qualquer membro portador de uma recomendação atual do templo pode servir como testemunha das ordenanças de selamento, tanto entre vivos como falecidos.”
Embora pequenas, estas mudanças indicam uma disposição da atual liderança da Igreja SUD para rever práticas e políticas enraizadas que discriminam contra mulheres SUD.
Em 2012, um movimento de mulheres mórmons para vestir calças ao invés de saias para as reuniões dominicais como sinal de protesto por mudanças nesse sentido foi largamente ignorado e marginalizado pela liderança eclesiástica. Em 2014, e novamente em 2016, mulheres mórmons organizaram protestos formais durante a Conferência Geral da Igreja contra justamente essa discriminação de mulheres em posições de serviço eclesiástico e de liderança. Empoderadas pela alta adesão de mulheres SUD, tanto presencial como virtualmente, essas membros da Igreja fundaram uma organização determinada a pressionar a Igreja a ordenar mulheres ao sacerdócio e permiti-las as mesmas oportunidades de serviço eclesiástico e de liderança disponíveis a homens.
A resposta da Igreja, há meros 5 anos, foi claro e inequívoco. Homens em posição de liderança simplesmente excomungaram a líder da organização Ordene as Mulheres, e a Primeira Presidência (composta por três homens) recusou sua apelação.
Outra vítima notória foi a psicóloga SUD Kristy Money, membro fundadora da mesma organização. Em 2014, Money havia concedido uma entrevista, publicada um artigo no prestigioso jornal The New York Times, narrando a frustração que sentira ao ser discriminada por haver a temeridade de solicitar o privilégio de segurar em seus colos sua bebê recém-nascida enquanto recebia a ordenação de “dar nome e benção a criança”, que lhe foi em múltiplas instâncias com a explicação de que apenas homens podem participar da ordenança. Vilipendiada por meses por outros membros da Igreja, não tardou para que seus líderes eclesiásticos, todos homens, decidissem puni-la por expor seus sentimentos e suas opiniões confiscando sua recomendação ao templo.
A mudança na política anunciada hoje certamente é um passo positivo e um progresso, especialmente considerando acontecimentos recentes. Não obstante, às vésperas da terceira década do século 21, será progresso suficiente para estancar as altas taxas de evasão entre jovens, especialmente considerando quão mais vocais são sobre seus descontentamento com políticas retrógradas da Igreja?
É o desespero batendo na porta deles, perdendo cada vez mais membros, a solução é essa mesmo, se tornar mais “mundana” e fingir que aceitam isso para não perder mais fiéis
Parabéns mulheres!!! Agora a próxima luta é para obter direito de batizar rs…
Brincadeiras a parte, vemos uma religião antes respeitada a estar hoje em dia com uma liderança perdida. Não gosto de dizer isso, mas infelizmente é o que se nota.
Sou contra o feminismo, acho até um movimento de gente louca e sem fundamento algum que são frustradas por nunca terem tido voz na sociedade, mas a Igreja Mormon de certa forma contribuiu para muitas mulheres sentirem dessa forma, especialmente tratando mulher como objeto dentro do templo. Por exemplo, falar que mulher não deve selar ao próximo marido após o falecimento do primeiro marido e que o homem pode selar a várias esposas depois do falecimento de suas seguintes esposas. Entendo o contexto histórico disso tudo, mas a maneira como ensinam dá brecha a algumas mulheres verem isso como machismo o que não deixa de ser.
Historicamente dizendo a Igreja Mormon já foi muito mais machista do que se ve hoje e elas conquistaram seus espaços e privilegios que antes não tinha. Um exemplo seria a missão. Antes mulheres não eram incentivadas a servir missão e hoje muitas vão a missão. Agora elas podem testemulhar batismo. Só falta mesmo elas poderem ser futuras bispas e presidentas de estaca o que não será supresa dentro de 2 anos ver isso.
Hico, também concordo com tudo, lembro que na minha época, quando você ia ao templo, o primeiro convênio era de abaixar a cabeça e obedecer ao marido, hoje não sei se isso já mudou, mas eles estão realmente perdidos e com desespero por ninguém mais querer se batizar, é todo mês uma revelação, mórmons sempre foram racistas, xenófobos e mudar isso é algo que eles não querem, mas terão de fazer para não perder o money deles.