Batismo para cura

Durante o século XIX e início do XX, era comum entre santos dos últimos dias a prática do rebatismo, ou seja, eventuais batismos depois da admissão à Igreja. Havia motivos diferentes para a pessoa ser batizada mais de uma vez: para a remissão de pecados ou renovação de convênios, antes do ingresso na ordem unida, antes da investidura ou casamento, antes de sair em missão.

Dentre esses motivos também estava a busca de cura. Assim como os batismos em geral, os batismos para cura eram realizados em rios. No templo de Nauvoo, rebatismos para cura também foram realizados na sua pia batismal.

A imersão em água para cura tem precedentes nos relatos bíblicos, como a cura de Naamã no Rio Jordão (II Reis 5) e de um homem paralítico no tanque de Betesda (João 5).  Tais relatos de cura milagrosa devem ter inspirado o profeta Joseph Smith e seus contemporâneos a buscar o batismo com as mesmas finalidades. Em 1842, Joseph Smith afirmou em uma Conferência Geral:

Batismo para os mortos e para a cura do corpo deve ser na fonte; aqueles vindo à igreja e aqueles rebatizados devem ser batizados no rio. (History of Church vol. 4, p. 586, ênfase nossa)

O primeiro relato do uso da fonte batismal para a cura é de 1841. Não se tratou nesse caso de um rebatismo propriamente dito, mas da imersão de parte do corpo. Samuel Rolfe tinha um sério problema em uma das mãos e havia sido aconselhado a amputá-la; por sugestão de Joseph Smith, Rolfe lavou suas mãos na fonte batismal e, segundo o relato de William Clayton, teve sua mão completamente curada em uma semana ( Journal of William Clayton, 1840-1845, p. 21).

Joseph Smith relata como um rebatismo foi tentado para aliviar o estado de saúde de sua esposa Emma:

Terça 4, 1842, Emma está muito doente de novo. Cuidei dela o dia inteiro, eu próprio não estando bem.

Quarta 5. Minha querida Emma estava pior. Houve muito receio de que ela não se recuperasse. Ela foi batizada duas vezes no rio, o que evidentemente lhe fez muito bem. Ela piorou de novo à noite e continuou de fato muito doente.  (History of Church, J. Smith, Vol. 5; p. 167-168)

Emma havia recebido o batismo em 1830. O relato acima é, portanto, 12 anos depois de seu primeiro batismo.

As instruções de Joseph Smith em 1842 sobre o uso da fonte batismal no templo e sua utilização para a cura tem ecos, décadas depois, nesta afirmação de Brigham Young em 1873:

Nós podemos hoje ir à Casa de Investiduras e sermos batizados pelos mortos, receber nossas abluções e unções, etc., porque uma fonte foi construída, dedicada expressamente para batizar pessoas para a remissão de pecados, por sua saúde e por seus amigos mortos. (Journal of Discourses, vol. 16, p. 187)

Pela afirmação acima, Brigham Young via o batismo para cura como um dos propósitos da fonte batismal no templo.

No início no séc. XX, os batismos para cura eram ainda comuns e utilizados inclusive pelas autoridades gerais. Foi em 1922 que a primeira Presidência publicou uma mensagem desaconselhando a prática nos templos.

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10 comentários sobre “Batismo para cura

  1. Interessante ponto de vista esse que a imersão administrada por um portador do sacerdócio, agindo sob revelação, tenha esse poder terapêutico. Pena que, como tantas outras práticas singulares ao Mormonismo, essa não tenha sobrevivido.

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