O êxodo é um tema constante nas escrituras judaico-cristãs e sud. Esse êxodo consiste na busca de uma “terra prometida” ou “terra de promissão”, deixando para trás uma sociedade corrompida que promove o mal e oprime os justos. Trata-se não apenas de uma fuga ou migração mas, sobretudo, de um processo de transformação daqueles que entram na jornada.
Exemplos de êxodos estão nos relatos sobre Abraão deixando a Caldéia após atentarem contra sua vida, sobre os israelitas partindo da escravidão do Egito e os santos dos últimos dias deixando os EUA para fugir da perseguição. O êxodo israelita, no entanto, é o que serve mais claramente como um arquétipo do êxodo divinamente ordenado , além de ser um símbolo da expiação de Cristo e da transformação que ela pode proporcionar ao indivíduo e a um povo.
No cinema e na literatura, é comum que o herói ou heroína tenha uma mudança de atitude ao longo da viagem, ganhando uma nova percepção da vida ou que descubra suas raízes; também um grupo pode ser levado a resolver suas desavenças e estar mais unido. As etapas que levam ao êxodo poderiam ser resumidas da seguinte forma:
1. uma situação na terra natal se torna intolerável: iniqüidade, servidão ou perseguição;
2. o Senhor através de um profeta (ou profetas) alerta o povo;
3. aqueles que acreditam nesse chamado precisam deixar a comodidade e suas posses e fugir da sociedade em que vivem; esse acreditar se dá em cada pessoa em diferentes níveis, intensidades;
4. eles herdam uma nova terra sob proteção divina; essa herança e proteção estão condicionadas ao crescimento espiritual daquelas pessoas.
No Livro de Mórmon, ao lermos sobre o êxodo de Leí e sua família, estamos sendo chamados ao arrependimento para não reproduzir a decadência ou apostasia que o povo do convênio teve na época de Leí, quando a aparência de religiosidade havia substituído a verdadeira espiritualidade exigida pelo Senhor. Lamã e Lemuel não podem acreditar na eminente destruição da grande cidade de Jerusalém porque seus habitantes mantém a obediência externa da religião e frequentam o templo (1 Néfi 2:11-13). E é justamente essa representação cínica que torna a religião vazia, mesmo quando se possui a autoridade necessária do sacerdócio (Isaías 1:11-23). Será que usamos artimanhas sacerdotais para buscar lucro? Sobra orgulho. Mas parece que falta a espiritualidade genuína e sincera.
Temos hoje uma Igreja tão rica materialmente. Uma Igreja com tão boa reputação. Uma Igreja tão bem sucedida em coisas que pouco ou nada tem a ver com religião, como mostra o deslumbrante shopping center erguido em Salt Lake. Que fantasias guiam nossas ações hoje, de forma a nos esquecermos de cuidar daqueles entre nós que estão no limiar da sobrevivência para construir edifícios “grandes e espaçosos”? Ou como podemos nos sentir justificados em fazer algo que não corresponde à missão de “pregar o evangelho, aperfeiçoar os santos, redimir os mortos”? Talvez a corrupção a que chegamos faça mais necessário um outro êxodo, a ser feito por aqueles que não perderem a capacidade de sair de seu conforto e se mover em direção à liberdade.
Muita boa observação, António. Eu preciso examinar esse tópico em mais detalhe, pois eu acho que tenha dito só a décima parte do assunto. Tem muitos outros êxodos e também muitos outros significados.
Sem mencionar os muitos êxodos acontecendo hoje por causa da economia, guerra, política. Um tema aliás importantíssimo nas relações entre latinos e norte-americanos. Abraços!
Também tem vários outros na história Mormon: A caminhada do navio Brooklyn, a da batalão Mormon, as viagens de imigração (principalmente da Europa) dos Santos para Utah, a fuga dos côlonos do norte de méxico durante a guerra civil dele, etc.
Desculpe minha básica noção de estudo, acredito em minhas limitações de conhecimento que o Reino Escolhido e definido como santo é em qualquer lugar. Infelizmente, ao haver uma quebra de valores, onde a iniquidade está a tal grau que o Espírito do Senhor já não pode permanecer, Ele prepara pessoas justas para que saiam e seu julgamento possa ser justo com aqueles que os merecem.
Em si, creio que o Êxodo nada mais é que uma triste realidade de um povo escolhido que se perdeu, sendo destruído e outro pequeno povo justo indo a outro lugar para que possa receber as bênçãos que não teriam a oportunidade na antiga morada.
Triste é o Êxodo não para os que saem, porque sua promessa é mantida, porém para os que fizeram que tal ato seja necessário, se fosse um povo justo, seria próspero ( 1 Néfi 17: 34, 37) e nunca sairiam de sua Terra Natal.