Um vídeo educativo da Igreja SUD explora o dilema de membros que descobrem outros membros bebendo café.
Neste vídeo de 1980, dois jovens descobrem sua professora na escola, que também é uma membro em sua ala, preparando uma xícara de café e contemplam, horrorizados, como agir.
Assista o impagável vídeo:
No vídeo, os rapazes ficam espantados com a possibilidade de uma mulher que eles consideravam uma “boa membro da Igreja” estar bebendo café, como se isso a tornasse uma péssima pessoa, ou uma má membro, ou mesmo uma mentirosa que assim desfaz toda e qualquer qualidade que nela outrora viam.
Atualmente, beber café é considerado um pecado grave pela Igreja SUD. Tanto que membros são punidos com restrição em seus privilégios de culto, perdendo seu atestado oficial de dignidade espiritual (i.e., perdem sua recomendação para o templo).
No passado, essa regra de conduta conhecida como Palavra de Sabedoria não era tão rígida, sendo aceitável ver Profetas bebendo ou fumando. Além da punição eclesiástica, hoje membros que violam essa regra de conduta ainda sofrem o opróbio e o julgamente social como sendo pessoas de moral e ética reduzidas.
Você acha esse tipo de postura justa ou saudável?
As sanções citadas realmente vigoram hoje para os que usam café ou chás de canelia sinenses (acho que é assim que se escreve o nome da erva que produz cisa preto), mas o degrade de gravidade ainda é mais escuro para outros consumos, como álcool e tabaco.
E de um modo ou de outro realmente o membro descoberto praticando uso de café ou outra coisa da lista fica um tanto estigmatizado por outros quando descoberto.
Mas o vídeo tem mais haver com o contexto da época, onde mesmo no sistema de educação religiosa da igreja era muito forte a campanha em relação ao tema. Hoje, fala-se muito menos nisso do que naquela época. Pelo menos é o que noto.
Existem pessoas que usam a Palavra de Sabedoria como se fossem os 10 mandamentos, o que não tem nada haver, pois a PDS foi apenas colocada como mandamento muito tempo depois, na verdade se enquadra mais como regra de conduta do que como mandamento. Cientificamente nada foi provado contra o Café, pelo contrário, existem muitos e muitos benefícios do uso do café. Creio que usar a PDS como mandamento é um grande erro da igreja. A grande maioria das religiões tem restrições às drogas, bebidas alcoólicas, homossexualidade, castidade, que são restrições que encontram amparo escriturístico, mas o uso do café nem aparece nas principais escrituras das principais religiões, logo, portanto, contudo, não vejo pecado em usar o café, e estudando a história da igreja, todos podem ver claramente que a recomendação virou mandamento por circunstancias temporais e não divinas.
interpretem a escritura em D&C ” Para ser enviada como saudação; NÃO COMO MANDAMENTO ou COERÇÃO, mas como revelação e palavra de sabedoria, manifestando a ordem e a vontade de Deus quanto à salvação física de todos os santos nos últimos dias—”
Joseph Smith estava em Kirtland, as coisas na igreja SUD pareciam seguir tranquilas, as únicas discussões mais ferrenhas eram sobre teologia, nestes três anos sem perseguições as únicas coisas registradas pela História da Igreja que aborreciam a paz eram eventuais más-condutas de caráter sexual, bebedeiras de whiskey e heresia.
O sumo-conselho se inclinava para banir de vez o consumo de bebidas alcólicas da cidade mais do que qualquer outra coisa, até mais do que o adultério. O estado de Ohio estava se agitando para instituir a abstinência de bebidas alcólicas. Em 1834 já haviam nos Estados Unidos cinco mil sociedades organizadas que se abstinham de álcool com mais de um milhão de adeptos. A maioria destes estavam concentrados em Nova Iorque e Ohio. Tabaco era chamado na época de “prostrador de nervos, droga paralizadora de almas, uma carnal e ímpia luxúria.” Café era condenado como excitador de paixões e tomar Chá acreditava-se ser tão mau quanto um ponche quente. O periódico popular “Journal of the Health”, publicado entre 1829 e 1835 ressaltava a idéia de que o uso moderado de carne era responsável pelo vigor dos irlandeses e recomendava uma dieta vegetariana.
Bem, estas eram as circunstâncias que antecederam a revelação da palavra de sabedoria que foram dadas DE acordo palavra do Senhor através de Joseph Smith “não como mandamento ou coerção” mas apenas como um bom conselho de saúde. Tanto é que encontramos relatos de Joseph Smith bebendo em várias ocasiões e inclusive fazendo registro disto em seu diário. Durante um casamento em janeiro de 1836 ele descreve:
“Nós partilhamos de um lanche e nossos corações se alegraram com o fruto da vinha. Isto de acordo com o padrão estabelecido pelo próprio Salvador e nós nos sentimos dispostos a partilhar de todas as instituições dos céus.” History of the Church, Vol.II, pp.252 ( para outros relatos veja também pp.369, 378 e 447)
Muito bem, esta era a concepção original da palavra de sabedoria, já tinha sido revelada por Joseph, e era tida apenas como tal qual foi revelada, um conselho, não mandamento e eventualmente Joseph e também outros líderes e membros tinha suas experiências com a bebida. Mas o que aconteceu para se tornar algo como vemos hoje como mandamento?
Quando o Sumo-Conselho resolveu fazer valer sobre si a palavra de sabedoria como mandamento em fevereiro de 1834 e que como regra quanto a desobediência acarretaria em privação de sua posição junto ao conselho, o que seria uma situação embaraçosa perante aos demais membros, Almon Babbit foi trazido à julgamento por beber, este se defendeu dizendo que sabia que era errado mas estava somente seguindo o exemplo do Presidente Joseph Smith.
Até o final daquele ano, no entanto, a pressão em torno de Joseph se tornou mais forte. Sidney Rigdon, um fanático entusiasta da abstinência do álcool em 4 de dezembro de 1836 forçou uma votação de total abstinência, Joseph concordou com a opinião e decisão dos demais membros do Sumo, como resultado, trocou o vinho do sacramento pela água e deixou o Sumo-Conselho fazer o pior;
A revelação eventualmente evoluiu para uma grande questão moral, o uso de chá, café, tabaco e álcool se tornou para o mórmon um divisor de águas, aonde rotulava seus membros como hereges ou desonrados. (Wilford Woodruff’s Journal, citado por Matthias F.Cowley em Wilford Woodruff, Salt Lake, 1909, p.65.)