62 comentários sobre “Como Sobreviver Ao Apocalipse Missão?

  1. Sempre tive a meta de servir uma missão de tempo integral. Me preparei toda a adolescência para este momento e se eu pudesse resumir como foi esta experiência em uma frase diria: “Foi extremamente difícil, mas uma bênção em minha vida!”

    Servi na Missão Brasil João Pessoa de 2006-2008 e tive minha fé e paciência testadas desde a última semana antes de entrar no CTM ao ouvir o meu bispo dizer a mim numa entrevista: “Você é muito orgulhoso. Vou orar pra você ser mais humilde”. Tudo isto apenas porque não o convidaram para discursar na minha festa de despedida e sim meu bispo anterior.

    Divido a missão em duas categorias: a Eclesiástica, voltado para o espiritual e a Administrativa, relacionada a metas.

    Pregar o Evangelho e encontrar pessoas com diferentes personalidades e culturas nunca foram desafios. Amava falar do Evangelho Restaurado e ajudar as pessoas com seus desafios em se prepararem para o batismo e a como se adptar a sua vida cristã SUD, e diga se de passagem, é uma missão para a vida inteira.

    Meus maiores desafios, medos, angústias, dores e sofrimentos vieram ao ter que me submeter a área administrativa. Servi numa missão, de onde vinham 1 por cento de todos os batismos do mundo. Então era de se esperar pressão de todas as maneiras para alcançar resultados. Para ilustrar, um mês antes de chegar no campo a meta era 600 batismos e alcançaram 605. Imagine como? A base de muita apostasia. Foram confirmados aproximadamente 300 pessoas.

    Não há amor, respeito, consideração, paciência com o erro alheio, enfim, atributos cristãos, na área administrativa.

    A grosseria, as ofensas, a vaidade, o orgulho, a imposição de poder dos líderes, a guerra entre a missão e a Igreja local, as brigas, a hipocrisia foram momentos que testaram a minha fé, minha força psicológica e mental a cada minuto.

    Desejava todos os dias vir embora e de não ter conhecido os bastidores da missão. Apenas ficar na platéia sonhando em como a missão é celestial. Aliás este era o slogan “A Missão Celestial” e se aquilo era celestial preferiria ir pra outro Reino.

    As maiores oposições, desafios e atitudes assustadoras vieram de dentro da Igreja (Missão) e não de fora: “O Mundo”. Eu tinha muito medo de ser mandado embora “sem honra” (como se um certificado fosse determinar sua dignidade) e status é uma preocupação constante que uma hora ou outra aterrorizava a todos. Por medo de não poder questionar os líderes me submeti aos piores momentos da minha vida: ouvir gritos de reprovação e ameaças da liderança e companheiros. E eu de cabeça baixa aceitava tudo, pois eu via como eram tratados aqueles que abriam a boca ou seja eram “rebeldes”. Estes eram humilhados das maneiras mais marcantes possíveis.
    Para finalizar, conclui o meu período de missão. Por sorte não ficaram “sequelas”. Digo a todos os jovens que querem servir uma missão: vá apenas se for o seu desejo, pois será uma experiência extremamente difícil, pois a oposição vem de dentro. Não tenha muitas expectativas com líderes e companheiros. Eles tem metas. São tantas, que raramente sobrará tempo para amar o próximo. Confie em Jesus Cristo e será feliz em sua missão.

    Encerro com uma frase irônica de um ex-presidente de missão que tive e exemplifica muito bem o que é a missão: “Missionário tem que gostar de batizar. Aquele que não gostar, a gente faz gostar”.

    • Infelizmente temos que conviver com tudo isso. E a decisão é mesmo essa: Continuar ou sair? Precisamos ter muita fé pois mesmo crendo ser a igreja verdadeira, ha muitas falhas na administraçao dela. Cristiano. Voce foi Elder o que? Eu sou o Ramires e servimos no mesmo período ate 2007. Me mande um email: thiagospencer@hotmail.com e vamos conversar. Concondo em número genero e grau com voce.

    • Obrigado por compartilhar sua experiencia. Na minha missao eu tambem encontrei muito disso e ironicamente minhas melhores experiencias espirituais aconteceram justamente quando eu nao seguia as regras da missao. Hoje com mais experiencia e conhecimento das escrituras eu vejo que na verdade o Espirito do Senhor nao pode ser limitado a regras, horarios e restricoes, nas escrituras temos muitos exemplos de servico missionario onde os servos do Senhor seguiam o Espirito Santo e nada mais, nao e atoa que a igreja atua incorporada como e nao tem poder de realizar milagres, nao vemos revelacoes, lideres nao recebem visoes ou mesmo profetizam, tudo que fazem nas conferencias e repetir o que os outros falaram, veja o constraste com a epoca da restauracao quando a igreja nao era uma corporacao, Joseph Smith e outros recebiam revelacoes frequentemente, experiencias espirituais eram abundantes, veja no Livro de Mormon os exemplos como no caso de Amon e Alma ou Nefi e Lehi que mesmo numa epoca iniqua com os ladroes de Gadianton recebiam muitas revelacoes diariamente.

      23 E no septuagésimo nono ano começaram a surgir muitas contendas. Aconteceu, porém, que Néfi, Leí e muitos de seus irmãos que conheciam os verdadeiros pontos da doutrina, recebendo diariamente muitas revelações, pregaram ao povo, de modo que puseram fim às suas contendas nesse mesmo ano.(Helama 11:23) Note que nao so Nefi e Lei recebiam revelacoes mas muitos de seus irmaos tambem recebiam e muitas revelacoes diariamente.

    • Isso me soa muito familiar. Nunca me esqueço de como uma vez meu companheiro e eu fomos humilhados pelo assistente do presidente, que jogou na nossas costas a culpa do não crescimento da igreja , uma vez que eramos LZs e não estavamos tendo sucesso naquela area .
      Você falou de metas e em pregar meu evangelho diz que as metas refletem o desejo de nosso coração … acho que esse é o problema , a igreja foca tanto em numeros que esquecem de usar o poder do espírito santo, ou seja não estamos fazendo a vontade de Deus mas sim o que é de nossa própria vontade. Não me surpreende que a maioria das pessoas que se batizam se inativem , no final das contas elas são só mais um numero pra contabilizar nos registros da igreja . Hoje eu me arrependo de ter batizado algumas pessoas só baseado em cumprir as metas , muitos dos quais ja nem tenho mais contato e só se batizaram por causa de nós , pois gostavam da nossa companhia e tal, mas nunca souberam realmente do que se tratava a i greja porque somos proibidos de falar das ordenanças e da doutrina como se fosse um segredo , com a mesma desculpa de que é doutrina profunda (o que eu não comcordo , pra mim doutrina é doutrina e ponto. Toda religião tem sua doutrina e seus membros a vivem sem medo , porque temos que esconder a nossa ? ) .
      Porém fora todos os problemas eu não me arrependo de ter ido a missão e amo essa época da minha vida com todo o meu coração. Sei que o Senhor não tem culpa da igreja “corrompida” que se encontra hoje na terra, ele mesmo ja sabia que isso aconteceria nos ultimos dias ,e a nós só nos resta seguir os seus ensinamentos e tudo ira bem !!!

      • Perdi as contas de quantos desses ‘enjoados’ eu ‘mandei pastar’. Lógico, por conta disso nunca fui cotado para líder, coisa que muito me agradou, pois assim eu era livre para cuidar de minha área de das pessoas que me confiaram a (e confiavam em) mim.

        Como era gratificante ouvir das pessoas um “obrigado, há muito tempo eu orava por alguma visita, mas há meses nenhum membro ou missionário vinha aqui” quando você deixava de lado os números e seguia aquela ‘voz manda e delicada’ que te inspirava a procurar onde você nem tinha pensado em ir.

        Terminei meus últimos 4 meses como LD de um cara muito GH, que gostava de batizar moças com um tal ‘flirt to convert’ (flertar para converter, numa tradução livre).

      • Hoje eu me arrependo de não ter dado um murro na cara dele ou pelo menos ter falado algumas verdades haha

      • Eu era considerado rebelde:

        *por achar que pessoas não são números.

        *por discordar que as metas dos lzs “eram quase mandamentos” (sério ouvi isso)

        *por ensinar pelo espírito e não paletras decoradas. (Nossa! E hoje isso é regra)

        *por achar que beber coca-cola não é pecado!

        Falando a verdade, minha missão teve mais coisa ruim que boa! Batizei pouco de propósito, pq tinha gente que não queria ser batizada de verdade, e eram pressionadas, um companheiro quis me bater pq eu dizia pros pesquisadores que a decisão de se batizar era deles!

        Passei fome, frio, andei com o mesmo sapato por meses, nao podia lavar pq nao dava tempo de secar, e a missão nao ajudava nem quando pedia por ajuda, liguei pra minha mãe e pedi dinheiro pra comprar sapatos.(grande coisa, eu era considerado rebelde porque ligava pra meus pais)

  2. O que deixa chateado, mesmo, é a Igreja (administradora da, como passarei a chamar de agora em diante por muito tempo), é essa sovinice com relação à integridade física e mental de seus jovens soldados, como se fosse a igreja mais paupérrima da terra.

    • Gerson, me identifiquei com várias situações e relatos de ex-missionários. Com relação a “sovinice” da igreja, sou obrigado a fazer uma ressalva. Fui secretario financeiro da missão que servi (Fortaleza) e a igreja tem recursos disponibilizados em um fundo para ajudar os missionários com problemas financeiros (roupas, óculos, sapatos, etc), e normalmente usávamos esse recurso “sem dó”.
      Alem disso havia um plano médico para qualquer missionário com cobertura nacional para consultas e exames de imagem em hospitais particulares e de referencia. As vezes que precisei de cuidado médico sempre fui prontamente atendido (2 vezes) inclusive com reembolso de todos os medicamentos e deslocamento que fiz de táxi.
      Com relação a mesadas, os LZ e LD sempre tinham um adicional para cobrir os deslocamentos para reuniões e entrevistas e as sisteres tinham um adicional para os cuidados pessoais. Quando abriam áreas novas, também tinham adicional para almoço, pela ausência de membros.
      A igreja não é sovina e nunca será, pois são atitudes pontuais dos presidentes de missão que não sabem utilizar esses recursos ou querem ensinar os missionários através do sofrimento…

    • Gerson, concordo se são soldados deveriam ser mais bem cuidados, missionário come mal, dorme mal, se veste mal e na minha missão, muitos não tinha os cuidados necessários, e vários quase voltaram pra casa sem dedo pois o presidente não autorizava eles irem em um podólogo, as casas eram imundas, sem cuidado algum e a sister nunca visitava as casas, e até ela comentava que achava muitos vermes nas casas, missionários não tem dinheiro pra quase nada, a igreja não se preocupa com nenhum deles, deixa eles viverem como bichos na selva e a mesada nunca dá pra algo a mais.

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