O Livro de Mórmon – Dia 2

O Livro de Mórmon é a obra literária mais sagrada para milhares de mórmons, centenas de igrejas e seitas da tradição Santos dos Últimos Dias, e o principal volume de escrituras para membros de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias.

Imagem inspirada na descrição das Placas de Ouro por Joseph Smith

Dedicamos aqui um artigo para cada capítulo do Livro de Mórmon , cobrindo todo o seu texto (utilizando, como base, a última edição da Igreja SUD), acompanhados de comentários adicionais do ponto de vista historiográfico, racional, e científico para incentivar uma leitura diária do texto sacro e facilitar um estudo mais intelectual dele. Postagens passadas podem ser encontradas aqui.

O trecho de hoje é: Introdução

A introdução do Livro de Mórmon não é uma produção literária inerente ao texto original como ditada por Joseph Smith, mas uma adição recente escrita pelo Apóstolo Bruce McConkie para a edição de 1981.

O Livro de Mórmon é um volume de escrituras sagradas comparável à Bíblia. É um registro da comunicação de Deus com antigos habitantes das Américas e contém a plenitude do evangelho eterno.

A frase “plenitude do evangelho” com relação ao Livro de Mórmon foi cunhado pelo próprio Joseph Smith, porém sem considerar as mais importantes contribuições teológicas posteriores. Casamento Celestial, selamento, ordenanças templárias como unção, ablução, investidura, etc., ou outras práticas importantes como dízimo, Palavra de Sabedoria, etc., que constituem o cerne do Mormonismo moderno são completamente ignorados pelo Livro de Mórmon. Sequer são considerados temas eclesiásticos, como organização da Igreja moderna, com Primeira Presidência, Quórum de Doze Apóstolos, Quóruns de Setentas, Bispados Presidentes, organizações entre Estacas e Alas e missões, etc.

O livro foi escrito por muitos profetas antigos, pelo espírito de profecia e revelação. Suas palavras, escritas em placas de ouro, foram citadas e resumidas por um profeta-historiador chamado Mórmon. O registro contém um relato de duas grandes civilizações. Uma veio de Jerusalém no ano 600 a.C. e posteriormente se dividiu em duas nações, conhecidas como nefitas e lamanitas. A outra veio muito antes, quando o Senhor confundiu as línguas na Torre de Babel. Esse grupo é conhecido como jareditas. Milhares de anos depois, foram todos destruídos, exceto os lamanitas, que estão entre os antepassados dos índios americanos.

A descrição acima parcialmente reflete o texto original do Livro de Mórmon (ver resumo oficial aqui), porém com uma importante e muito recente distorção. Enquanto a introdução moderna afirma que os “lamanitas… estão entre os antepassados dos índios americanos”, tanto a introdução oficial, assim como Joseph Smith, e o próprio texto do Livro de Mórmon  deixam perfeitamente claro que os Lamanitas são literalmente os antepassados dos índios americanos.

Essa distorção intencional do texto canônico foi introduzida em 2006, possivelmente em resposta à realização pública do acúmulo de evidências científicas que contradizem a narrativa central do Livro de Mórmon.

O acontecimento de maior relevância registrado no Livro de Mórmon é o ministério pessoal do Senhor Jesus Cristo entre os nefitas, logo após a Sua ressurreição. O livro expõe as doutrinas do evangelho, delineia o plano de salvação e explica aos homens o que devem fazer para ganhar paz nesta vida e salvação eterna no mundo vindouro.

Assim como a expressão “plenitude do evangelho”, o Livro de Mórmon não estabelece quase nada das “doutrinas do evangelho” e o “plano de salvação” como eventualmente evoluiriam na teologia Mórmon. Doutrinas como Três Graus de Glória, Existência Pré-mortal, Véu de Esquecimento, etc., que descrevem o que membros da Igreja hoje conhecem como o “plano de salvação” também são ignoradas pelo Livro de Mórmon.

Depois de terminar os seus escritos, Mórmon entregou o relato a seu filho Morôni, que acrescentou algumas palavras suas e ocultou as placas no Monte Cumora. Em 21 de setembro de 1823, o mesmo Morôni, então um ser ressurreto e glorificado, apareceu ao Profeta Joseph Smith e instruiu-o a respeito do antigo registro e da tradução que seria feita para o inglês.

No devido tempo as placas foram entregues a Joseph Smith, que as traduziu pelo dom e poder de Deus. Hoje o registro se acha publicado em diversas línguas, como testemunho novo e adicional de que Jesus Cristo é o Filho do Deus vivo e de que todos os que se achegarem a Ele e obedecerem às leis e ordenanças do Seu evangelho poderão ser salvos.

Com respeito a esse registro o Profeta Joseph Smith declarou: “Eu disse aos irmãos que o Livro de Mórmon era o mais correto de todos os livros da Terra e a pedra fundamental de nossa religião; e que seguindo seus preceitos o homem se aproximaria mais de Deus do que seguindo os de qualquer outro livro.”

O Senhor providenciou para que, além de Joseph Smith, mais onze pessoas vissem as placas de ouro e fossem testemunhas especiais da veracidade e divindade do Livro de Mórmon. Seus testemunhos escritos estão aqui incluídos como “Depoimento de Três Testemunhas” e “Depoimento de Oito Testemunhas.”

A questão das “testemunhas” haverem “visto” as “placas de ouro” é mais complexa e será discutida no artigo sobre os testemunhos respectivos publicados.

Convidamos todos os homens de toda parte a lerem o Livro de Mórmon, ponderarem no coração a mensagem que ele contém e depois perguntarem a Deus, o Pai Eterno, em nome de Cristo, se o livro é verdadeiro. Os que assim fizerem e perguntarem com fé obterão, pelo poder do Espírito Santo, um testemunho de sua veracidade e divindade. (Ver Morôni 10:3–5.)

O texto de Morôni introduz, e a introdução reforça, a inversão epistêmica culpando os descrentes ou céticos de falta de fé ou honestidade, assegurando um vácuo intelectual ao redor do livro numa falácia lógica de raciocínio circular, através do qual pode-se torná-lo completamente impérvio a quaisquer escrutínios racionais. Quem é honesto e tem fé, crê, enquanto só não crê quem não é honesto ou não tem fé.

Os que obtiverem do Santo Espírito esse divino testemunho saberão, pelo mesmo poder, que Jesus Cristo é o Salvador do mundo, que Joseph Smith é o Seu revelador e profeta nestes últimos dias e que A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias é o reino do Senhor restabelecido na Terra, em preparação para a Segunda Vinda do Messias.

O uso do Livro de Mórmon como ferramenta missionária com relação ao status profético de Joseph Smith data desde a sua publicação. O texto em si do livro foi largamente ignorado teologicamente pelos membros, e até os líderes, da Igreja SUD até o histórico chamado de Ezra Taft Benson para reverter o descaso em 1986 e novamente em 1988.


Leia o texto do Livro de Mórmon aqui em sua última versão em português publicada pela Igreja SUD.

Leia os nossos comentários adicionais do Livro de Mórmon aqui.

 

9 comentários sobre “O Livro de Mórmon – Dia 2

  1. Uma curiosidade que me intriga : em muitas pesquisas que fiz (claro que não sou tão criterioso e habilitado como a ABEM, mas tenho certa dedicação) em documentos que citam discursos de Joseph Smith quase não se nota o mesmo falando ou tecendo comentários sobre partes ou trechos do livro de mórmon. É obvio que estou ciente do fato do L.M. na época não se encontrar dividido em capítulos e versículos impossibilitando o mesmo Joseph de citalos como fez inúmeras vezes com os textos bíblicos , no entanto é interessante notar isso. Confere? Joseph raríssimas vezes citou partes do Livro de Mormon?

  2. Estou curtindo. Por incentivo das postagens vou ler o livro mais uma vez, em 2016. Ano passado não li quase nada dele, e tem alguns anos que não leio mais de capa a capa.

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