O Apóstolo David Bednar, em discurso para estudantes da Universidade de Brigham Young em Idaho, ofereceu um alerta apostólico para os jovens d’A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias contra os perigos da intelectualidade.

Além disso, Bednar insistiu em enfatizar que o aprendizado com real valor espiritual vem através da repetição mecânica constante e irrefletida. Ele, inclusive, ilustrou essa lição discutindo o fato de estar proferindo esse mesmo discurso idêntico pela terceira vez.
Para os alunos da universidade Mórmon, onde trabalhou como administrador e presidente antes de ser chamado ao apostolado, disse o Apóstolo Bednar:
“A repetição é um veículo através do qual o Espírito Santo pode iluminar nossas mentes, influenciar nossos corações, e ampliar nossa compreensão … Pela autoridade do santo Apostolado, agora eu levanto uma voz de advertência, e eu faço uma promessa solene. Se o dia já estiver por vir em que a arrogância intelectual, a falta de apreciação, e o espírito de exigir direitos enraizarem-se neste campus – entre os alunos, o corpo docente, os funcionários, a administração ou no seio da comunidade de Rexburg – então, nesse dia o Espírito de Ricks estará bem no caminho para ser extinto. E a celestial influência e as bênçãos que prosperaram esta instituição e as pessoas a ela associados serão retiradas … Por outro lado, enquanto a modéstia intelectual, humildade, gratidão, obediência e frugalidade continuarem a caracterizar aqueles que aprendem e servem na Brigham Young University-Idaho, então esta universidade vai brilhar cada vez mais brilhante como um farol de justiça e de inovação educacional inspirada … [E]xamine [suas] vidas e procure corrigir qualquer arrogância intelectual, falta de gratidão, busca de direitos ou a auto-absorção … [estes] falhas espirituais insidiosas que desenvolvem sutilmente dentro de uma pessoa.”
O contexto do raciocínio de Bednar parece ser que aqueles que serão espiritualmente abençoados são os que demonstram apreciação pelos ensinamentos expostos e impostos por seus líderes, aprendidos através de repetição irrefletida, por não exigir a arrogância intelectual de pensar por si para julgar sua validade ou relevância e, caso julgue procedente, exigir direitos que não foram oferecidos. A impressão resultante é a de que Bednar defende um tipo de obediência cega tal qual Ezra Benson pregava, e uma aversão à intelectualidade tal qual Boyd Packer propunha.
(É interessante notar que Bednar tem enorme chances de se tornar Presidente da Igreja um dia. É igualmente interessante notar que Benson estabeleceu sua doutrina de “obediência cega ao Profeta” justamente quando era óbvio que estava prestes a se tornar, ele mesmo, Profeta!)
Você acha que era esse o sentido de seus comentários? Seriam esses os valores acadêmicos e intelectuais que gostaríamos de incentivar nas nossas instituições de ensino superior? O que constitui “arrogância intelectual”? O que constitui “modéstia intelectual”?
Obediência cega é o que as religiões, de modo geral, ensinam! Religiões como governos temem que as pessoas sejam capazes de pensar por si. Criaram a figura de Satanás e o inferno como forma de, através do medo, manter as pessoas sob submissão e opressão.
David Bednar foi coerente em suas palavras, não dá pra esperar outra versão de discurso para acadêmicos e funcionàrios da BYU, sendo ela um Universidade da corporação SUD. Se olharmos pela ótica da repetição, tudo na corporação está relacionado com ela. Acho que até posso afirmar que ela utiliza-se de processos mnemônicos (técnicas para memorização) para que o crente memorize a doutrina: testemunhos dos fieis ( 5 dedos das mãos), aulas dominicais desinteressantes, repetitivas, pouco elucidativas e que “desfavorecem” ao raciocínio lógico; mensagens dos discursantes na sacramental ( basta abrir revista e ler na íntegra o que autoridade ensina), o padrão da aparência (todos praticamente iguais, sem “identidade”). Tudo que diz respeito à corporação SUD é “sui generis”. Portanto, é esse tipo de valor acadêmico que será incentivado na instituição de ensino superior, aos domingos, a cada seis meses, no templo, etc. etc. A arrogância na visão de Bednar, de forma sintetizada, está relacionado com o sujeito utilizar os processos de aprendizagem que ao final levará ao desenvolvimento de alguma habilidade ou competência, possibilitando a construção do conhecimento. Permita-me indagar dos crentes e fieis SUD, de que maneira eles percebem e constatam que o Espírito Santo ilumina suas mentes por meio da repetição?
Lisiane, só se for pra fazer lembrar de algo.
Explico. O crente distraído, em geral, pensa muito pouco em relação às coisas relacionadas à sua fé. Se não pensa, logo não busca, não se concentra, nesse caso epifanias ou revelação não ocorrem. É como ter respostas de perguntas não feitas, não buscadas.
Mesmo assim, creio que haveria meios mais eficientes, como formação de hábito. Eu ainda prefiro o incentivo ao bom e velho hábito do estudo diário. Mas parece que entendem que a repetição pode substituir a introspecção de um ‘espírito de oração’.
Já outros preferem crer na prática de técnicas de lavagem cerebral (na falta de um termo menos apelativo) implícitas em tais métodos.