Brigham Young: a Maior Ordenança do Templo

young

Selamentos são cerimônias muito estimadas por membros d’A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias em sua busca por construir laços familiares que sobrevivam à morte. Porém, da mesma forma como modernos santos dos últimos dias não relacionam o selamento monogâmico de um casal à poligenia pregada por mórmons do séc. 19, tampouco estão cientes de uma outra forma de selamento há muito interrompida e bem menos debatida na historiografia mórmon. Para Brigham Young, esta seria a mais sublime ordenança realizada no templo: o selamento de um homem a outro.

Em 1856, Wilford Woodruff registrou em seu diário tal opinião de Brigham Young e o impacto sobre sua audiência:

Com o retorno dos irmãos da reunião, eles me informaram que o Presidente Brigham Young havia pregado um dos maiores sermões que ele já havia dado na terra. (…)

[Ele disse que] Administraremos no Templo que agora iniciamos e isso é um ponto ganho e selaremos homens a homens pelas chaves do Santo Sacerdócio. Esta é a mais alta ordenança. É a última ordenança do reino de Deus na terra e acima das investiduras que podem ser dadas a vocês. É o selamento final, um Princípio Eterno, e uma vez feito não pode ser quebrado pelo Demônio. [1]

Brigham Young falava a respeito da lei da adoção, princípio pelo qual um homem adulto poderia ser selado a pais não-biológicos. Os vínculos entre pais e filhos escolhidos mutuamente trariam uma solução para as barreiras de crença e fidelidade das genealogias naturais, visando criar um reino familiar sacerdotal. “Por este poder” – disse ainda em 1862 – “homens serão selados a homens até Adão, completando e fazendo perfeita a corrente do Sacerdócio deste dia até a cena final”. [2]

A proeminência da adoção era tal que, para Brigham Young, ela requeria um templo, diferentemente do selamento conjugal. “Podemos selar mulheres a homens, mas não homens a homens, sem um Templo”, disse o presidente da Igreja em 1873. [3]

Acredita-se que as primeiras adoções aconteceram sob a liderança de Joseph Smith na década de 1840, em seu Quórum dos Ungidos, o que contradiria a necessidade do templo proposta por Brigham Young. Durante décadas, a adoção também influenciava a maneira pela qual a obra vicária era realizada. A prática foi modificada apenas em 1894, sob a presidência de Wilford Woodruff.


Referências

1. Waiting for the world’s end: the diaries of Wilford Woodruff. (ed. Susan Staker). Signature, 1993.

2. Journal of Discourses, Vol. 9, p. 269.

3. Journal of Discourses, Vol. 16, p. 186

10 comentários sobre “Brigham Young: a Maior Ordenança do Templo

  1. Já havia estudado alguns documentos, que colaboram com a citação acima e sempre me fascinou a ideia de que os “selamentos” como pensado ou inspirado por Joseph e seus aliados na época é bem diferente como imaginário “SUD” atual. Me parece fazer sentido uma espécie de ligação completa da humanidade, incluindo união de amigos e famílias que partilham um mesmo amor ou senso comum. A uma certa “liberdade” na doutrina observada por este angulo.

  2. Minha opinião é que quando se fala em restauração, tem que se restaurar tudo mesmo. É o que se deu com a poligamia, e com a adoção. Houve a restauração de tudo. No entanto, a impossibilidade de se continuar essa ou aquela doutrina, cairá sobre os ombros dos que a proibiram ou a dificultaram, como no caso da poligamia. No caso da adoção, os próprios membros não estão preparados para tal. O Senhor não poderá ser acusado de ter feito uma restauração meia boca.

Deixe um comentário abaixo:

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.