A Primeira Visão é uma narrativa popular entre mórmons na atualidade, e uma das primeiras coisas que missionários SUD são instruídos a recontar para potenciais conversos.
Narrando a estória de como Joseph Smith, ainda adolescente, teria visto Deus e Jesus Cristo, e d’Eles recebido uma comissão para reorganizar a Igreja de Cristo na Terra, a Primeira Visão serve como fundamentação ontológica central da fé mórmon.

A Primeira Visão, print de filme para proselitismo da Igreja SUD
Não obstante, existem no registro histórico apenas 13 relatos documentados da Primeira Visão que sejam contemporâneos com Smith.
Ei-los todos em ordem cronológica, pela primeira vez em português:
1832
Escrito entre o final de julho e o final de setembro de 1832, essa é literalmente a primeira evidência de qualquer relato da Primeira Visão, e ainda é o único relato escrito por Joseph Smith de próprio punho,
“Por volta dos meus doze anos, minha mente ficou profundamente impressionada com todas as importantes questões relativas ao bem-estar de minha alma imortal, o que me levou a estudar as escrituras, crendo, como me fora ensinado, que continham a palavra de Deus. Sendo assim, dediquei-me às escrituras. Por conhecer bem algumas pessoas, fiquei muito admirado, pois descobri que elas não demonstravam sua profissão de fé por meio de uma vida santa e uma linguagem piedosa, condizentes com o que estava escrito naquele livro sagrado. Isso muito angustiou minha alma.
Assim, dos doze até os quinze anos de idade, ponderei sobre muitas coisas relativas à situação da humanidade: as contendas e divisões, as iniquidades e abominações e as trevas que dominavam a mente dos homens. Minha mente ficou extremamente perturbada, porque me tornei convicto de meus pecados e, estudando as escrituras, descobri que a humanidade não se achegava ao Senhor, mas tinha se afastado da fé verdadeira e viva e não havia sociedade nem denominação edificada sobre o evangelho de Jesus Cristo, conforme registrado no Novo Testamento. Senti-me movido a chorar por meus próprios pecados e pelos pecados do mundo, porque aprendi nas escrituras que Deus era o mesmo ontem, hoje e para sempre e que Ele não fazia acepção de pessoas, porque era Deus.
Porque eu contemplava o Sol, o glorioso luminar da Terra, a Lua cruzando o céu em sua majestade, as estrelas brilhando em seu curso; e também a Terra sobre a qual eu estava, as bestas do campo, as aves do céu, os peixes das águas; e também o homem caminhando sobre a face da Terra com majestade e na força de sua beleza, com poder e inteligência para governar coisas tão extraordinariamente grandiosas e maravilhosas, sim, à semelhança Daquele que as criou. E ao ponderar essas coisas, exclamava no coração: “Bem disse o sábio ao afirmar que só o néscio diz em seu coração que não há Deus”. Meu coração exclamava: “Tudo isso presta testemunho de um poder onipotente e onipresente, um Ser que cria leis e decreta e liga todas as coisas em seus limites; que preenche a eternidade; que foi, é e será de eternidade em eternidade”. E ao ponderar todas essas coisas e lembrar que aquele Ser deseja que O adoremos em espírito e verdade, clamei, portanto, ao Senhor por misericórdia, pois não havia nenhum outro a quem eu pudesse recorrer para obter misericórdia.
E o Senhor ouviu meus clamores no deserto e, ao invocá-Lo, no décimo sexto ano de minha vida, vi um pilar de luz acima de minha cabeça, mais brilhante que o sol ao meio-dia, que desceu do céu e repousou sobre mim. Fiquei cheio do Espírito de Deus. E o Senhor abriu os céus para mim e eu vi o Senhor. Ele falou-me, dizendo: “Joseph, meu filho, teus pecados te são perdoados. Segue teu caminho, anda em meus estatutos e guarda os meus mandamentos. Eis que sou o Senhor da glória. Fui crucificado pelo mundo a fim de que todos os que crerem em meu nome tenham a vida eterna. Eis que o mundo se acha em pecado nesta época, e não há sequer um homem que faça o bem. Desviaram-se todos do evangelho e não guardam meus mandamentos. Aproximam-se de mim com os lábios, mas seu coração está longe de mim. E minha ira está acesa contra os habitantes da Terra para visitá-los segundo sua iniquidade e cumprir o que foi anunciado pela boca dos profetas e apóstolos. E eis que depressa venho, como foi escrito a meu respeito, nas nuvens do céu, revestido da glória de meu Pai”.
E minha alma encheu-se de amor e por muitos dias regozijei-me com grande alegria. O Senhor permaneceu comigo, mas não encontrei ninguém que acreditasse em minha visão celestial. Não obstante, refleti sobre essas coisas em meu coração.”
(Joseph Smith História, ca. verão 1832, pp. 1–3)
1835
Joseph Smith descreveu suas experiências visionárias em Kirtland, Ohio, em novembro de 1835. Suas narrativas foram anotadas e copiadas por seu escrivão Warren Parrish em seu diário oficial.
“Ao ponderar em minha mente a respeito do tema religião e ao observar os diferentes sistemas ensinados aos filhos dos homens, eu não sabia quem estava certo ou quem estava errado. E, considerando que era de suma importância que eu adquirisse plena certeza sobre os assuntos de consequências eternas, estando assim confuso, retirei-me para o bosque silencioso e inclinei-me perante o Senhor, tendo um sentimento de compreensão sobre o que Ele tinha dito (se a Bíblia for verdadeira): “Pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e achareis”, e novamente: “Se algum de vós tem falta de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente, e o não lança em rosto”.
Informação era o que eu mais desejava naquele momento, e com a firme determinação de obtê-la, clamei ao Senhor pela primeira vez no lugar acima indicado. Ou em outras palavras, fiz uma tentativa infrutífera de orar; minha língua parecia estar inchada na boca e eu não conseguia falar. Ouvi um barulho atrás de mim, como se fosse uma pessoa caminhando em minha direção. Esforcei-me novamente para orar, mas não consegui. O barulho de passos parecia estar cada vez mais perto. Levantei-me rapidamente e olhei em volta, mas não vi nenhuma pessoa ou coisa alguma que pudesse fazer tal ruído.
Ajoelhei-me novamente. Minha boca se abriu e minha língua foi libertada e invoquei o Senhor em fervorosa oração. Um pilar de fogo apareceu acima de minha cabeça. Na realidade pousou sobre mim e me encheu de alegria indescritível. Um personagem apareceu no meio desse pilar de fogo, que se espalhou ao redor de tudo e mesmo assim nada consumiu. Outro personagem logo apareceu, como o primeiro. Ele me disse: “Teus pecados te são perdoados”. Ele me testificou que Jesus Cristo é o filho de Deus. E eu vi muitos anjos nessa visão. Eu tinha cerca de quatorze anos de idade quando recebi essa primeira comunicação.”
(Diário de Joseph Smith Jr., 9–11 Nov. 1835, pp. 23–24)
1835
Warren Parrish revisou e editou as anotações de Joseph Smith nos trechos do diário oficial para o livro de história oficial.
“Estando ocupado em minha mente com relação ao tema da religião, e olhando para os diferentes sistemas ensinados aos filhos dos homens, eu não sabia quem estava certo ou quem estava errado, mas considerando de suma importância para mim que eu deveria estar corretamente correto, em assunto de tamanha importância, assunto envolvendo conseqüências eternas. Sendo assim, perplexo em mente, eu me retirei para o bosque em silêncio. e lá prostrei-me diante do Senhor, sob um senso de compreensão, (se a Bíblia for verdadeira) ‘pedi e recebereis, batei e ser-lhes-á aberto, procure e encontrará’, e novamente, ‘se alguém tem falta de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente, e não as lança em rosto’. Informação era o que eu mais desejava naquele momento, e com uma firme determinação de obtê-la, invoquei o Senhor pela primeira vez no local acima mencionado, ou em outras palavras, eu fiz uma tentativa infrutífera de orar. Minha língua parecia estar inchada na minha boca, e eu não podia falar. Eu ouvi um barulho atrás de mim como alguém andando na minha direção: Eu me esforcei novamente para orar, mas não consegui; o barulho de passosvparecia se aproximar; Saltei sobre meus pés e olhei em volta, mas não vi nenhuma pessoa ou coisa que pudesse produzir o barulho de passos. Eu me ajoelhei de novo, minha boca foi aberta e minha língua se soltou; Invoquei o Senhor em fervorosa oração. Uma coluna de fogo apareceu acima da minha cabeça; que atualmente descansou sobre mim, e me encheu de alegria indizível. Um personagem apareceu no meio deste pilar de fogo, que se espalhou por todo lado e ainda assim nada consumiu. Outro personagem logo apareceu semelhante ao primeiro: ele disse-me teus pecados te são perdoados. Ele também testemunhou-me que Jesus Cristo é o filho de Deus. Vi muitos anjos nesta visão. Eu tinha uns 14 anos quando recebi esta primeira comunicação.”
(Joseph Smith História, 1834–1836, 9 Nov. 1835, pp. 120–121)
1838
A versão mais conhecida e popular, esta narrativa foi preparada por Smith através de escrivões para a publicação de sua autobiografia oficial. Este é o relato que posteriormente foi canonizado pela Igreja SUD e incluída na Pérola de Grande Valor. O texto foi editado por James Mulholland baseado em rascunhos por Joseph Smith, Sidney Rigdon, e George Robinson.
“Durante esses dias de grande alvoroço, minha mente foi levada a sérias reflexões e grande inquietação; mas embora os meus sentimentos fossem profundos e muitas vezes pungentes, ainda assim me conservei afastado de todos esses grupos, embora assistisse às suas diversas reuniões tão frequentemente quanto a ocasião me permitisse. Com o correr do tempo, inclinei-me um tanto para a seita metodista e senti algum desejo de unir-me a eles; mas tão grandes eram a confusão e a contenda entre as diferentes denominações, que para alguém jovem como eu, tão inexperiente em relação aos homens e às coisas, era impossível chegar a qualquer conclusão definitiva acerca de quem estava certo e de quem estava errado.
Minha mente, às vezes, alvoroçava-se bastante, tão grandes e incessantes eram o clamor e o tumulto. Os presbiterianos eram decididamente contra os batistas e os metodistas, e valiam-se de toda a força, tanto da razão como de sofismas, para provar os erros deles, ou pelo menos fazer o povo acreditar que eles estavam errados. Por outro lado, os batistas e os metodistas eram igualmente zelosos no esforço de estabelecer suas próprias doutrinas e refutar todas as outras. Em meio a essa guerra de palavras e divergência de opiniões, muitas vezes disse a mim mesmo: Que deve ser feito? Quem, dentre todos esses grupos está certo, ou estão todos igualmente errados? Se algum deles é correto, qual é, e como poderei sabê-lo?
Em meio à inquietação extrema causada pelas controvérsias desses grupos de religiosos, li um dia na Epístola de Tiago, primeiro capítulo, versículo cinco, o seguinte: E, se algum de vós tem falta de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente, e o não lança em rosto, e ser-lhe-á dada. Jamais uma passagem de escritura penetrou com mais poder no coração de um homem do que essa, naquele momento, no meu. Pareceu entrar com grande força em cada fibra de meu coração. Refleti repetidamente sobre ela, tendo consciência de que se alguém necessitava da sabedoria de Deus, era eu, pois eu não sabia como agir e, a menos que conseguisse obter mais sabedoria do que a que tinha então, nunca saberia; pois os religiosos das diferentes seitas interpretavam as mesmas passagens de escritura de maneira tão diferente, que destruíam toda a confiança na solução do problema através de uma consulta à Bíblia.
Finalmente cheguei à conclusão de que teria de permanecer em trevas e confusão, ou fazer como Tiago aconselha, isto é, pedir a Deus. Resolvi “pedir a Deus,”concluindo que, se ele dava sabedoria aos que tinham falta dela, e concedia-a liberalmente, sem censura, eu podia aventurar-me. Assim, seguindo minha determinação de pedir a Deus, retirei-me para um bosque a fim de fazer a tentativa. Foi na manhã de um belo e claro dia, no início da primavera de 1820. Era a primeira vez na vida que fazia tal tentativa, pois em meio a todas as ansiedades que tivera, jamais havia experimentado orar em voz alta.
Depois de me haver retirado para o lugar que previamente escolhera, tendo olhado ao redor e encontrando-me só, ajoelhei-me e comecei a oferecer a Deus os desejos de meu coração. Apenas iniciara, imediatamente se apoderou de mim uma força que me dominou por completo; e tão assombrosa foi sua influência que se me travou a língua, de modo que eu não podia falar. Uma densa escuridão formou-se ao meu redor e pareceu-me, por um momento, que eu estava condenado a uma destruição súbita. Mas usando todas as forças para clamar a Deus que me livrasse do poder desse inimigo que me subjugara, no momento exato em que estava prestes a sucumbir ao desespero e abandonar-me à destruição — não a uma ruína imaginária, mas ao poder de algum ser real do mundo invisível, que possuía uma força tão assombrosa como eu jamais sentira em qualquer ser — exatamente nesse momento de grande alarme, vi um pilar de luzacima de minha cabeça, mais brilhante que o sol, que descia gradualmente sobre mim.
Assim que apareceu, senti-me livre do inimigo que me sujeitava. Quando a luz pousou sobre mim, vi doisPersonagens cujo esplendor e glória desafiam qualquer descrição, pairando no ar, acima de mim. Um deles falou-me, chamando-me pelo nome, e disse, apontando para o outro: Este é Meu Filho Amado. Ouve-O!
Meu objetivo ao dirigir-me ao Senhor era saber qual de todas as seitas estava certa, a fim de saber a qual me unir. Portanto, tão logo me controlei o suficiente para poder falar, perguntei aos Personagens que estavam na luz acima de mim qual de todas as seitas estava certa (pois até aquele momento jamais me ocorrera que todas estivessem erradas) e a qual me unir. Foi-me respondido que não me unisse a qualquer delas, pois estavam todas erradas; e o Personagem que se dirigia a mim disse que todos os seus credos eram uma abominação a sua vista; que aqueles religiosos eram todos corruptos; que “eles se aproximam de mim com os lábios, mas seu coração está longe de mim; ensinam como doutrina os mandamentos de homens, tendo aparência de religiosidade, mas negam o seu poder.”
Novamente me proibiu de unir-me a qualquer delas; e muitas outras coisas disse-me, as quais não posso, no momento, escrever. Quando tornei a voltar a mim, estava deitado de costas, olhando para o céu. Quando a luz se retirou, eu estava sem forças; mas tendo logo me recuperado em parte, fui para casa. Ao apoiar-me na lareira, minha mãe perguntou-me o que se passava. Respondi: “Não se preocupe, tudo está bem — eu estou bem.” Então disse a ela: “Aprendi por mim mesmo que o presbiterianismo não é verdadeiro.” Parece que o adversário sabia, nos primeiros anos de minha vida, que eu estava destinado a ser um perturbador e um importunador de seu reino; senão, por que os poderes das trevas se uniriam contra mim? Por que a oposição e a perseguição que se levantaram contra mim, quase em minha infância?”
(Joseph Smith História, 1838–1856, vol. A-1, pp. 2–3)
1840
Escrito pelo Apóstolo Orson Pratt, este relato constitui a primeira publicação da narrativa da Primeira Visão e a primeira evidência de sua disseminação para os membros e o público em geral. Embora esse relato não tivesse sido ditado, escrito, ou supervisionado por Joseph Smith antes de ser publicado no formato de panfleto na Escócia em 1840, Smith pessoalmente o utilizou e citou extensivamente em duas publicações posteriores.
“Quando tinha aproximadamente quatorze ou quinze anos de idade, ele começou a seriamente refletir sobre a necessidade de estar preparado para um futuro estado de existência: mas como ou de qual maneira preparar-se, era uma pergunta, ainda, indeterminada em sua própria mente: ele percebeu que era uma questão de importância infinita, e que a salvação de sua alma dependia de uma compreensão correta do mesmo. Ele viu que, se ele não compreendesse o caminho, seria impossível andar nele, a não ser por acaso; e o pensamento de repousar suas esperanças de vida eterna na sorte, ou em incertezas, era mais do que podia suportar. Se ele fosse para as denominações religiosas a procurar informações, cada um apontava para seus princípios particulares, dizendo – “Este é o caminho, andais nele;” enquanto, ao mesmo tempo, as doutrinas de cada eram, em muitos aspectos , em oposição direta a dos outros. E, também, ocorreu a sua mente, que Deus não era o autor de mais de uma doutrina, e, portanto, não poderia reconhecer mais que uma denominação como a sua igreja; e que tal denominação deveria ser um povo, que acreditam, e ensinam, uma doutrina, (qualquer que possa ser), e construir sobre a mesma. Em seguida, ele refletiu sobre o imenso número de doutrinas, agora, no mundo, o que deu origem a muitas centenas de diferentes denominações. A grande questão a ser decidida em sua mente, era – se qualquer uma dessas denominações fosse a Igreja de Cristo, qual seria? Até que ele pudesse tornar-se satisfeito, em relação a esta questão, ele não poderia descansar contente. Para confiar nas decisões do homem falível, e construir suas esperanças sobre o mesmo, sem qualquer certeza, e conhecimento, de sua autoria, não iria satisfazer os desejos ansiosos que lhe permeavam o peito. Para decidir, sem qualquer evidência positiva e definitiva, na qual ele poderia confiar, sobre um assunto que envolve o futuro bem-estar de sua alma, era revoltante para os seus sentimentos. A única alternativa, que parecia lhe restar, estava em ler as Escrituras, e se esforçar para seguir as suas instruções. Ele, portanto, começou folheando as páginas sagradas da Bíblia, com sinceridade, acreditando nas coisas que ele lia. Sua mente logo se agarrou a seguinte passagem: – “Se algum de vós tem falta de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente e não censura, e ser-lhe-á dado”- Tiago 1: 5..
A partir desta promessa que ele aprendeu, que era o privilégio de todos os homens pedir a Deus por sabedoria, com a expectativa certa e segura de receber, liberalmente; sem ser repreendido por fazê-lo. Estas foram informações animadoras para ele: notícia que lhe deram grande alegria. Era como uma luz brilhando em um lugar escuro, para guiá-lo para o caminho em que devia andar. Ele, agora, via que se ele consultasse a Deus, não era, não só, uma possibilidade, mas uma probabilidade; sim, mais, uma certeza, que ele deveria obter um conhecimento de qual, de todas as doutrinas era a doutrina de Cristo; e, qual, de todas as igrejas, era a igreja de Cristo. Ele, então, retirou-se para um lugar secreto, em um bosque, mas a uma curta distância da casa de seu pai, e ajoelhou-se e começou a invocar o Senhor. No começo, ele foi severamente tentado pelos poderes das trevas, que se esforçaram para vencê-lo; mas ele continuou a procurar por libertação, até que a escuridão abriu espaço de sua mente; e ele estava liberado para orar, no fervor do espírito e na fé. E, assim enquanto derramava a sua alma, ansiosamente desejando uma resposta de Deus, ele, por fim, viu uma luz muito brilhante e gloriosa acima nos céus; que, inicialmente, pareciam estar a uma distância considerável. Ele continuou orando, enquanto a luz parecia estar descendo gradualmente em sua direção; e, enquanto se aproximava, ela aumentava em brilho e amplitude, de modo que, no momento em que ela chegou aos topos das árvores, toda a floresta, por uma certa distância ao redor, foi iluminada de forma mais gloriosa e brilhante. Ele esperava ter visto as folhas e galhos das árvores consumidas, assim que a luz entrou em contato com eles; mas, percebendo que ela não produzia esse efeito, ele foi encorajado com a esperança de ser capaz de suportar a sua presença.
Ela continuou descendo, lentamente, até que repousou sobre a terra, e ele foi envolvido no meio dela. Assim que chegou em primeiro contato com ele, produziu-lhe uma sensação peculiar ao longo de todo o seu sistema; e, imediatamente, sua mente foi arrebatada, além dos objetos naturais com os quais ele estava cercado; e ele estava envolto em uma visão celestial, e viu dois seres gloriosos, que se assemelhavam exatamente um ao outro em suas características ou semelhança. Ele foi informado de que seus pecados lhe foram perdoados. Ele também foi informado sobre os assuntos, que tinham há algum tempo previamente agitado sua mente, a saber, que todas as denominações religiosas acreditavam em doutrinas incorretas; e, por conseguinte, que nenhum deles era reconhecido por Deus como sua igreja e reino. E ele foi expressamente ordenado a não seguir nennhum deles; e ele recebeu a promessa de que a verdadeira doutrina – a plenitude do evangelho – deveria em algum momento futuro, ser revelada a ele; após o qual, a visão se retirou, deixando a sua mente em um estado de calma e paz indescritível.”
1841
Howard Coray foi chamado por Joseph Smith para organizar e editar o seu projeto de autobiografia iniciado em 1838. Coray ao mesmo tempo anotava materiais ditados por Smith e compilava, organizava, e editava manuscritos existentes para produzir uma narrativa continua, cronológica, coesa e, a julgar pelas escolhas editoriais, mais refinada.
“Durante o segundo ano de nossa residência neste lugar; Quando eu tinha uns 15 anos de idade houve um entusiasmo religioso incomum, com início na Sociedade Metodista, que logo se tornou geral entre todas as seitas na vizinhança. Os resultados foram que muitos se uniram às diferentes seitas; causando muita discórdia e divisão entre o povo, alguns chorando veja aqui, e alguns outros veja ali. Alguns argumentando por uma fé e outros por outra e, não obstante o amor que eles expressavam na época de sua conversão, e o zelo do respectivo clero, que tinha sido ativo em levantar-se e promover essas excitações com o objetivo declarado de ‘converter cada pessoa’, professando não se preocupar com qual sociedade os convertidos se uniam: No entanto, quando os convertidos começavam a unir-se a diferentes seitas, tornou-se evidente que o amor e zelo professados de ambos convertidos e clero eram mais fingido que real e uma cena de grande confusão e sentimentos ruins se seguiu, com pastor em guerra contra pastor, e converso contra converso, convencendo a uma mente sem preconceitos que seu amor e zelo professados foram perdidos numa luta de palavras e concursos de opiniões. Durante esta comoção, eu fiz disso um objeto de muito estudo e reflexão.
Embora meus sentimentos fossem profundamente interessados, ainda que eu me mantivesse afastado de todas as partes. Com o tempo, no entanto, eu me tornei parcial aos metodistas, e eu senti algum desejo de unir-me a eles. Mas a confusão e conflitos tornaram impossível, para uma pessoa da minha idade e conhecimento limitado com homens e coisas, determinar quem estava certo, e quem estava errado. Enquanto nesta situação muitas vezes disse a mim mesmo, o que pode ser feito? Qual de todos estes está certo? Ou estão todos errados? Se qualquer um deles está certo, o que é e como poderei sabê-lo? Enquanto estava neste estado de perplexidade, li um dia na Epístola de São Tiago, primeiro capítulo e versículo cinco, onde encontrei as seguintes palavras – ‘Se algum de vós tem falta de sabedoria, peça peça-a a Deus, que dá a todos homens liberalmente e não censura, e lhe será dado.’
Jamais uma passagem de escritura fez uma impressão mais profunda sobre o coração do homem, que foi feita no meu por isso. Sabendo que eu como eu sabia que eu precisava da sabedoria de Deus, e a menos que eu a alcançara, eu não poderia determinar quais estavam certos. E os professores das diferentes seitas, interpretando esta passagem de modo a destruir toda a confiança na solução do problema através de uma consulta à Bíblia; assim, compelindo-me a concluir, que deveria permanecer na escuridão, ou fazer como Tiago aconselha; que é ‘pedir a Deus’. Finalmente cheguei à conclusão de que ‘pediria a Ele a sabedoria, acreditando que aquele que dá a todos os homens liberalmente e não censura’ não se recusaria de cumprir verificar a sua promessa para mim.
Deste modo eu me retirei para o bosque para fazer a tentativa. Foi na manhã de um dia claro e bonito, no início da primavera de mil oitocentos e vinte, e foi a primeira vez que eu fiz tal esforço; pois em meio a todas as ansiedades que tivera até então, nunca tivera feito a tentativa de orar em voz alta. Depois de chegar ao lugar onde eu já havia planejado ir, eu olhei ao meu redor e encontrando-me sozinho, ajoelhei-me e comecei a oferecer a Deus os desejos de meu coração. Mal tinha feito isso, quando eu foi imediatamente subjugado por algum poder, que inteiramente me superou, e tinha tal influência surpreendente sobre mim, ao efeito de travar a minha língua, de modo a privar-me de fala.
Intensa escuridão envolveu-me, e por um tempo, parecia que eu estava condenado à destruição. Mas exercendo toda energia do poder de invocar a Deus, que me livrasse do poder desse inimigo; no exato momento em que eu estava afundando em desespero e abandonando-me à destruição; não imaginária, mas à influência de algum ser do mundo invisível, que tinha uma força tão assombrosa como este; Justamente neste momento de alarme, vi um pilar de luz acima de minha cabeça, cujo brilho era muito mais brilhante e reluzente que o sol em seu esplendor meridiano, cujo esplendo excedia ao do sol; e gradualmente descendeu até que ele repousou sobre mim, e eu encontrei-me livre do inimigo, que me segurava preso. Quando a luz repousou sobre mim, vi dois Personagens cujo esplendor e glória desafiam qualquer descrição, pairando acima no ar. Um deles chamou-me pelo nome, disse, apontando para o outro, este é o meu filho amado, ouvi-O.
Meu objetivo era determinar qual das seitas estava certa; para que eu pudesse participar. Consequentemente, logo que possível, perguntei aos Personagens que estavam na luz, qual das seitas estava certa, pois eu supus que um deles estivesse certo, e a qual me unir. Foi-me respondido, – ‘Una-se a nenhuma delas, elas estão todas erradas, seus credos são uma abominação aos meus olhos, esses professores são todos corruptos, eles se aproximam de mim com os lábios, mas o seu coração está longe de mim; ensinam doutrinas os mandamentos de homens, tendo forma de piedade, mas negando o seu poder’. Mais uma vez ele me proibiu de participar de qualquer uma delas, e muitas outras coisas que ele me disse, que eu não posso escrever neste momento. Quando voltei a mim, estava prostrado deitado de costas, olhando para o céu.
Poucos dias depois, aconteceu de eu estar na companhia de um dos pregadores metodistas, que tinha sido muito ativo na excitação acima mencionada e, enquanto conversava com ele sobre o assunto de religião, dei-lhe um relato da visão, que eu tenho visto. Fiquei muito surpreso com a maneira com que ele tratou meu relato, jurando que ele fora do Diabo, que não poderia haver visões ou revelações de Deus nestes dias, que elas tinham cessado com os apóstolos, e nunca seriam restauradas novamente. Logo descobri que o relato deste fato animava o preconceito dos professores de religião, e fazia com que eles me perseguissem. Embora um menino obscuro cerca de quinze anos, as minhas circunstâncias fazendo de mim de pouca consequência no mundo; No entanto, os homens de alta posição se esforçavam para incitar a opinião pública contra mim, e fazer com que as seitas se unissem em me perseguir. Minha mente estava agora satisfeita, que era meu dever unir-me a nenhuma das seitas, mas continuar como estava; até nova orientação. Eu tinha descoberto que o testemunho de Tiago era verdade, que um homem sem sabedoria pode pedir a Deus e obtê-la, sem ser repreendido.”
(Joseph Smith História, 1838 – ca. 1841, rascunho, pp. 2–4)
1841
Aproxidamente no mesmo tempo, Coray produziu uma versão final do relato, com algumas poucas mudanças e refinamentos literários.
“Durante o segundo ano de nossa residência neste lugar; Quando eu tinha uns 14 anos houve um entusiasmo religioso incomum, com início na Sociedade Metodista, que logo se tornou geral entre todas as seitas na vizinhança. Os resultados foram que muitos se uniram às diferentes seitas; causando muita discórdia e divisão entre o povo, alguns chorando veja aqui, e alguns outros veja ali. Alguns argumentando por uma fé e outros por outra e, não obstante o amor que eles expressavam na época de sua conversão, e o zelo do respectivo clero, que tinha sido ativo em levantar-se e promover essas excitações com o objetivo declarado de ‘converter cada pessoa’, professando não se preocupar com qual sociedade os convertidos se uniam: No entanto, quando os convertidos começavam a unir-se a diferentes seitas, tornou-se evidente que o amor e zelo professados de ambos convertidos e clero eram mais fingido que real e uma cena de grande confusão e sentimentos ruins se seguiu, com pastor contra pastor, e converso contra converso, convencendo a uma mente sem preconceitos que seu amor e zelo professados foram perdidos numa luta de palavras e concursos de opiniões. Durante esta comoção, eu fiz do assunto da religião um objeto de muito estudo e reflexão.
Embora meus sentimentos fossem profundamente interessados, ainda que eu me mantivesse afastado de todas as partes. Com o tempo, no entanto, eu me tornei parcial aos metodistas, e eu senti algum desejo de unir-me a eles. Mas a confusão e conflitos tornaram impossível, para uma pessoa da minha idade e conhecimento limitado com homens e coisas, determinar quem estava certo, e quem estava errado. Enquanto nesta situação muitas vezes disse a mim mesmo, o que pode ser feito? Qual de todos estes está certo? Ou estão todos errados? Se qualquer um deles está certo, o que é e como poderei sabê-lo? Enquanto estava neste estado de perplexidade, li um dia na Epístola de São Tiago, primeiro capítulo e versículo cinco, onde encontrei as seguintes palavras – ‘Se algum de vós tem falta de sabedoria, peça peça-a a Deus, que dá a todos homens liberalmente e não censura, e lhe será dado.’
Jamais uma passagem de escritura fez uma impressão mais profunda sobre o coração do homem, que foi feita no meu por isso. Sabendo que eu como eu sabia que eu precisava da sabedoria de Deus, e a menos que eu a alcançara, eu não poderia determinar quais estavam certos. E os professores das diferentes seitas, interpretando esta passagem de modo a destruir toda a confiança na solução do problema através de uma consulta à Bíblia; assim, compelindo-me a concluir, que deveria permanecer na escuridão, ou fazer como Tiago aconselha; que é ‘pedir a Deus’. Finalmente cheguei à conclusão de que ‘pediria a Ele a sabedoria, acreditando que aquele que dá a todos os homens liberalmente e não censura’ não se recusaria de cumprir verificar a sua promessa para mim.
Deste modo eu me retirei para o bosque para fazer a tentativa. Foi na manhã de um dia claro e bonito, no início da primavera de mil oitocentos e vinte, e foi a primeira vez que eu fiz tal esforço; pois em meio a todas as ansiedades que tivera até então, nunca tivera feito a tentativa de orar em voz alta. Depois de chegar ao lugar onde eu já havia planejado ir, eu olhei ao meu redor e encontrando-me sozinho, ajoelhei-me e comecei a oferecer a Deus os desejos de meu coração. Mal tinha feito isso, quando eu foi imediatamente subjugado por algum poder, que inteiramente me superou, e tinha tal influência surpreendente sobre mim, ao efeito de travar a minha língua, de modo a privar-me de fala.
Intensa escuridão envolveu-me, e por um tempo, parecia que eu estava condenado à destruição. Mas exercendo toda energia do poder de invocar a Deus, que me livrasse do poder desse inimigo; no exato momento em que eu estava afundando em desespero e abandonando-me à destruição; não imaginária, mas à influência de algum ser do mundo invisível, que tinha uma força tão assombrosa como este; Justamente neste momento de alarme, vi um pilar de luz acima de minha cabeça, cujo brilho ultrapassava ao do sol; e gradualmente descendeu até que ele repousou sobre mim, e eu encontrei-me livre do inimigo, que me segurava preso. Quando a luz repousou sobre mim, vi dois Personagens cujo esplendor e glória desafiam qualquer descrição, pairando acima no ar. Um deles chamou-me pelo nome, disse, apontando para o outro, este é o meu filho amado, ouvi-O.
Meu objetivo era determinar qual das seitas estava certa; para que eu pudesse participar. Consequentemente, logo que possível, perguntei aos Personagens que estavam na luz, qual das seitas estava certa, pois eu supus que um deles estivesse certo, e a qual me unir. Foi-me respondido, – ‘Una-se a nenhuma delas, elas estão todas erradas, seus credos são uma abominação aos meus olhos, esses professores são todos corruptos, eles se aproximam de mim com os lábios, mas o seu coração está longe de mim; ensinam doutrinas os mandamentos de homens, tendo forma de piedade, mas negando o seu poder’. Mais uma vez ele me proibiu de participar de qualquer uma delas, e muitas outras coisas que ele me disse, que eu não posso escrever neste momento. Quando voltei a mim, estava prostrado deitado de costas, olhando para o céu.
Poucos dias depois, aconteceu de eu estar na companhia de um dos pregadores metodistas, que tinha sido muito ativo na excitação acima mencionada e, enquanto conversava com ele sobre o assunto de religião, dei-lhe um relato da visão, que eu tenho visto. Fiquei muito surpreso com a maneira com que ele tratou meu relato, jurando que ele fora do Diabo, que não poderia haver visões ou revelações de Deus nestes dias, que elas tinham cessado com os apóstolos, e nunca seriam restauradas novamente. Logo descobri que o relato deste fato animava o preconceito dos professores de religião, e fazia com que eles me perseguissem. Embora um menino obscuro cerca de quinze anos, as minhas circunstâncias fazendo de mim de pouca consequência no mundo; No entanto, os homens de alta posição se esforçavam para incitar a opinião pública contra mim, e fazer com que as seitas se unissem em me perseguir. Minha mente estava agora satisfeita, que era meu dever unir-me a nenhuma das seitas, mas continuar como estava; até nova orientação. Eu tinha descoberto que o testemunho de Tiago era verdade, que um homem sem sabedoria pode pedir a Deus e obtê-la, sem ser repreendido.”
(Jopeph Smith História, ca. 1841, transcrição, pp. 2–4)
1842
Em resposta a perguntas do jornalista John Wentworth de Chigago, Smith ordenou escrivões a compilarem um resumo a partir dos manuscritos dedicados à sua autobiografia oficial. Conhecida popularmente com a ‘Carta a Wentworth’, não se sabe ao certo quem a escreveu, mas ela segue assinada por Smith, e foi por ele publicada no jornal da Igreja Times and Seasons. Muito da carta, porém, é copiado da narrativa de Orson Pratt (ver acima).
“Quando eu tinha por volta de quatorze anos de idade, comecei a refletir sobre a importância de estar preparado para uma condição futura e, ao procurar informar-me sobre o plano de salvação, descobri que havia uma grande discórdia em relação aos sentimentos religiosos; se eu procurasse determinada sociedade, eles me explicariam um plano, ao passo que uma outra me mostraria outro plano; cada qual considerando seu próprio credo a expressão máxima da perfeição. Concluindo que não era possível que todas estivessem certas e que Deus não podia ser o autor de tamanha confusão, decidi investigar o assunto mais plenamente, acreditando que se Deus tivesse uma Igreja, ela não estaria dividida em facções, e que se Ele ensinasse uma sociedade a adorar de certa forma e a ministrar determinado conjunto de cerimônias, certamente não ensinaria a outra sociedade princípios que fossem diametricamente opostos. Crendo na palavra de Deus, confiei na declaração de Tiago: “Se algum de vós tem falta de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente, e o não lança em rosto, e ser-lhe-á dada”.
Retirei-me para um local isolado em um bosque e comecei a suplicar ao Senhor em oração. Durante minha fervorosa súplica, minha mente foi arrebatada das coisas a meu redor, e vi-me tomado por uma visão celestial, em que contemplei dois seres gloriosos, que eram exatamente idênticos nas feições e na aparência, cercados por uma luz brilhante, mais clara que a do sol do meio-dia. Eles me disseram que todas as denominações religiosas acreditavam em doutrinas incorretas e que nenhuma delas era reconhecida por Deus como Sua Igreja e Seu reino. Fui expressamente ordenado a “não procurar nenhuma delas”, recebendo ao mesmo tempo a promessa de que no futuro me seria revelada a plenitude do evangelho.”
(Joseph Smith, “Church History,” Times and Seasons, 1 Mar 1842, 3:706–707)
1842
O Apóstolo Orson Hyde publicou esse relato em Frankfurt, Alemanha, em 1842. Originalmente escrito em inglês, em grande parte dependente do relato de Orson Pratt (ver acima), e ele arranjou para que fora traduzido para o alemão e publicado no formato de panfleto.
“Quando [Joseph Smith Junior] chegou ao seu décimo quinto ano, ele começou a pensar seriamente sobre a importância de se preparar para uma futura [existência]; mas era muito difícil para ele decidir como ele deveria começar um empreendimento tão importante. Ele reconheceu claramente que seria impossível para ele andar o caminho adequado sem estar familiarizado com isso de antemão; e basear suas esperanças para a vida eterna no acaso ou incerteza cega teria sido mais do que jamais havia inclinado a fazer.
Ele descobriu o mundo da religião trabalhando sob uma avalanche de erros que, por força de suas opiniões e princípios contraditórios lançou as bases para o surgimento de tais seitas e denominações cujos sentimentos em relação uns aos outros, muitas vezes, foram envenenados pelo ódio, contenda, ressentimento e raiva. Ele sentiu que havia apenas uma verdade e que aqueles que entendiam corretamente, todos entenderiam da mesma forma. A natureza lhe tinha dotado com um intelecto crítico afiado e então ele olhou através da lente da razão e do bom senso e com piedade e desprezo sobre esses sistemas de religião, que eram tão opostos entre si e ainda assim eram todos obviamente baseados nas escrituras.
Depois que ele tinha suficientemente se convencido para sua própria satisfação que a escuridão cobrira a terra e a escuridão [cobrira] as nações, a esperança de encontrar uma seita ou denominação que estava em posse da verdade não adulterada evaporou-se.
Por conseguinte, ele começou com uma atitude de fé sua própria investigação da Palavra de Deus [sentindo que era] a melhor maneira de chegar a um conhecimento da verdade. Ele não tinha procedido muito longe neste esforço louvável quando seus olhos caíram sobre o seguinte verso de São Tiago [1: 5]: ‘Se algum de vós tem falta de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente, e não lança em rosto; e lhe será dado’. Ele considerou essa escritura uma autorização para que ele chamasse solenemente sobre o seu criador para apresentar suas necessidades diante dele com a expectativa de algum sucesso. E então ele começou a derramar ao Senhor com determinação fervorosa os desejos sinceros de sua alma. Em uma ocasião, ele foi para um pequeno bosque perto da casa de seu pai e ajoelhou-se diante de Deus em oração solene. O adversário, em seguida, fez vários grandes esforços para esfriar sua alma ardente. Ele encheu sua mente com dúvidas e trouxe à mente todos os tipos de imagens impróprias para impedi-lo de obter o objeto de seus esforços; mas a misericórdia transbordante de Deus veio a sustentá-lo e deu-lhe um novo impulso à sua falhando força. No entanto, a nuvem escura logo se dissipou e luz e paz encheu seu coração amedrontado. Mais uma vez ele invocou o Senhor com fé e fervor de espírito.
Neste momento sagrado, o mundo natural em torno dele foi-lhe excluído do seu ponto de vista, para que ele estivesse aberto à apresentação das coisas celestes e espirituais. Dois personagens celestiais gloriosos estavam diante dele, se assemelhando exatamente em características e estatura. Disseram-lhe que suas orações haviam sido respondidas e que o Senhor tinha decidido conceder-lhe uma bênção especial. A ele também foi dito que não se filiasse a nenhuma das seitas religiosas ou denominações, porque todos eles erravam em doutrina e nenhum era reconhecido por Deus como sua igreja e reino. Ele foi ainda ordenado a esperar pacientemente até algum momento no futuro, quando a verdadeira doutrina de Cristo e a verdade completa do evangelho seriam revelados a ele. A visão fechou-se e paz e calma encheram sua mente.”
(Orson Hyde, Ein Ruf aus der Wüste, pp. 14–16)
1843
Levi Richards ouviu Smith relatar sua visão em um discurso público em Nauvoo, Illinois, em 11 de junho de 1843 e imediatamente anotou suas impressões em seu diário pessoal.
“Às 6 da manhã. ouvi do Élder George J Adams sobre o Livro de Mórmon. Ele provou a partir dos capítulos 24, 28 e 29 de Isaías que a aliança eterna que foi lavrada por Cristo e os apóstolos tinha sido quebrada. O Presidente Joseph Smith prestou testemunho do mesmo – dizendo que quando ele era um jovem, ele começou a pensar sobre essas coisas, mas não conseguiu descobrir qual de todas as seitas estava certa – ele foi ao bosque e perguntou ao Senhor, qual de todos os seitas estava certa – ele recebeu uma resposta que nenhum deles estava certo, que eles estavam todos errados, e que a aliança eterna fora quebrada – ele disse entender a plenitude do Evangelho do começo ao fim – e poderia ensiná-lo e também a ordem do sacerdócio em todas as suas ramificações – Toda a terra e inferno tinham se oposto a ele e tentou destruí-lo – mas eles não tinham conseguido isso e eles nunca conseguiriam.”
(Levi Richards, Diário, 11 Jun 1843)
1843
Em agosto de 1843 David Nye White, editor do jornal Pittsburgh Weekly Gazette, entrevistou Joseph Smith durante sua visita a Nauvoo, Illinois. Ele publicou sua entrevista numa série em duas partes para o seu jornal de Pittsburgh, Pensilvânia.
“[…] O Senhor revela-se a mim. Eu sei disso. Ele revelou-se a mim pela primeira vez quando eu tinha uns 14 anos de idade, um mero rapaz. Vou contar-lhe sobre isso. Houve uma reforma entre as diferentes denominações religiosas no bairro onde eu morava, e eu me tornei sério, e estava desejoso de saber em qual Igreja deveria participar. Enquanto pensava sobre este assunto, eu abri o Testamento promiscuamente sobre estas palavras, em Tiago, ‘peça ao Senhor que a todos dá liberalmente e não repreende’. Eu simplesmente determinei que eu iria perguntar a ele. Eu fui imediatamente para a floresta, onde meu pai tinha uma clareira, e foi até o coto onde eu tinha cravado o meu machado quando eu tinha parado de trabalhar, e eu me ajoelhei e orei, dizendo: ‘O Senhor, em qual Igreja devo participar’.
Diretamente eu vi uma luz, e então um personagem glorioso na luz, e, em seguida, outro personagem, e o primeiro personagem disse ao segundo: ‘Eis o meu Filho amado, ouça-O’. Eu, então, abordei esta segunda pessoa, dizendo ‘ó Senhor, a qual Igreja devo entrar.’ Ele respondeu, ‘não se junte a qualquer uma delas, elas são todas corruptas’. A visão depois desapareceu, e quando eu me despertei, estava prostrado nas minhas costas; e foi algum tempo antes que a minha força voltasse. Quando eu fui para casa e disse ao povo que eu havia tido uma revelação, e que todas as igrejas eram corruptas, eles me perseguiram, e eles me perseguem desde então. Eles pensaram que me colocariam para baixo, mas eles ainda não conseguiram, e eles não podem fazê-lo. Quando eu provar que estou certo, e conseguir subjugar todo o mundo debaixo de mim, eu acho que devo merecer alguma coisa. […] “
1844
Em julho de 1843, Joseph Smith recebeu uma carta de Clyde, Williams & Co. de Harrisburg, Pensilvânia, anunciando a publicação de um livro contendo artigos sobre religiões e experiências religiosas nos Estados Unidos, e solicitando uma contribuição de Smith sobre suas próprias experiências visionárias e proféticas. Smith ordenou seu secretário pessoal, William W. Phelps, a editar dos manuscritos preparados para sua autobiografia um ensaio adequado para envio. Phelps editou o texto sob a supervisão, e com a assinatura, de Smith.
“Quando eu tinha por volta de quatorze anos de idade, comecei a refletir sobre a importância de estar preparado para uma condição futura e, ao procurar informar-me sobre o plano de salvação, descobri que havia uma grande discórdia em relação aos sentimentos religiosos; se eu procurasse determinada sociedade, eles me explicariam um plano, ao passo que uma outra me mostraria outro plano; cada qual considerando seu próprio credo a expressão máxima da perfeição. Concluindo que não era possível que todas estivessem certas e que Deus não podia ser o autor de tamanha confusão, decidi investigar o assunto mais plenamente, acreditando que se Deus tivesse uma Igreja, ela não estaria dividida em facções, e que se Ele ensinasse uma sociedade a adorar de certa forma e a ministrar determinado conjunto de cerimônias, certamente não ensinaria a outra sociedade princípios que fossem diametricamente opostos. Crendo na palavra de Deus, confiei na declaração de Tiago: “Se algum de vós tem falta de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente, e o não lança em rosto, e ser-lhe-á dada”.
Retirei-me para um local isolado em um bosque e comecei a suplicar ao Senhor em oração. Durante minha fervorosa súplica, minha mente foi arrebatada das coisas a meu redor, e vi-me tomado por uma visão celestial, em que contemplei dois seres gloriosos, que eram exatamente idênticos nas feições e na aparência, cercados por uma luz brilhante, mais clara que a do sol do meio-dia. Eles me disseram que todas as denominações religiosas acreditavam em doutrinas incorretas e que nenhuma delas era reconhecida por Deus como Sua Igreja e Seu reino. Fui expressamente ordenado a “não procurar nenhuma delas”, recebendo ao mesmo tempo a promessa de que no futuro me seria revelada a plenitude do evangelho.”
(Joseph Smith, “Latter Day Saints,” in Israel Daniel Rupp (ed.), He Pasa Ekklesia, pp. 404–405)
1844
Em 24 de maio de 1844, Alexander Neibaur visitou Joseph Smith em seu lar e ouviu-o relatando sua primeira visão. Neibaur voltou pra casa e imediatamente anotou sua entrevista com Smith em seu diário pessoal.ao céu (Ortografia, pontuação, e estruturas limpadas para compreensão)
“Eu visitei o irmão Joseph Smith e conheci o Sr. Bonnie. O irmão Joseph contou-nos a sua primeira experiência que ele teve com um encontro de reavivamento. Sua mãe, seu irmão, e sua irmã abraçaram uma nova religião, e ele queria abraçar uma religião também. Ele queria sentir e gritar como o resto, mas não conseguia sentir nada, então ele abriu sua Bíblia e a primeira passagem que o atingiu foi ‘Se alguém tem falta de sabedoria peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente e não lança em rosto’. Ele foi para o bosque para orar, ajoelhou-se e sua língua foi travada, presa no céu da boca – não conseguia pronunciar nenhuma palavra, mas sentiu mais fácil depois de um tempo. Ele viu um fogo vindo do céu em sua direção, chegando cada vez mais perto. Ele viu um personagem no fogo, com a pele clara e os olhos azuis, com um pedaço de pano branco por sobre os ombros, e seu braço direito desnudo. Depois de um tempo, uma outra pessoa veio para o lado do primeiro. O Sr. Smith, então, perguntou ‘Eu devo entrar para a Igreja Metodista?’ ‘Não, eles não são o meu povo, todos eles se desviaram, não há ninguém que faça nada de bom, não, nenhum, mas este é o meu filho amado, ouve-O’. O fogo chegou mais perto e repousou sobre a árvore envolvendo-o [ilegível] confortado. Ele tentou se levantar mas sentiu-se extraordinariamente débil. Ele entrou em casa e contou ao pastor metodista, que lhe disse que isso não era uma época para Deus para se revelar em visões. As revelações cessaram com o Novo Testamento.”
(Alexander Neibaur, Journal, 24 May 1844)
NOTAS
[1] Os manuscritos foram generosamente escaneados e publicados pelo Projeto Papéis de Joseph Smith, financiado e gerenciado pelo Escritório do Historiador d’A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias.
[2] Todos os textos contém referências imediatamente abaixo do texto em itálico, incluindo links para as cópias escaneadas e publicadas pelo Projeto Papéis de Joseph Smith, cujo site é generosamente mantido pela Igreja SUD.
[3] Todas as traduções para o português são nossas, exceto os três textos que foram traduzidos e publicados pelo Departamento de Traduções d’A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, que se encontram reproduzidos aqui a título de comparação para facilitar o estudo e a avaliação da evolução histórica sem distrair de análises de preferências de tradução.
[4] Sempre que possível, termos em inglês traduzidos pelo Departamento de Traduções da Igreja SUD são utilizados nos demais textos apenas para manter coesão e facilitar a comparação histórica da evolução textual e de narrativa, evitando-se distrações com preferências de tradução.
[5] Nenhuma das traduções acima é final e solicitamos a gentileza, a atenção, e a gentileza de leitores e colaboradores para checar os manuscritos originais e sugerir correções e/ou construções em português que tornem as traduções melhores e mais compreensivas.
[6] Alguns leitores desinformados ou desacostumados com hábitos de leitura certamente reclamarão que os textos acima não estam acompanhados de “fontes”. Alguns leitores desinformados ou desacostumados com hábitos de leitura reclamarão que as fontes citadas originaram de alguma publicação “anti-mórmon” ou não são verdadeiras. Nós já publicamos sobre a nescidade e preguiça intelectual do argumento “anti-mórmon”, mas nesse caso específico ele é triplamente ignorante e estulto: 1) Toda e qualquer fonte tem seu viés inerente, e nenhum acadêmico competente (ou leitor inteligente) ignora uma fonte de antemão por causa de seu conhecido viés. Fontes internas (e.g., publicações da Igreja) têm o óbvio viés de sempre defender a própria reputação, e nem por isso podem ser ignoradas. Membros da Igreja SUD não ignoram livros sobre história da Igreja SUD porque eles terão o viés de só falar bem da Igreja; 2) As fontes citadas são publicadas pela própria Igreja SUD; 3) Apesar da Igreja ter mentido ou fingido ignorância por décadas sobre as mudanças nos relatos da Primeira Visão, é importante notar — e elogiar — que ela finalmente está sendo honesta e aberta sobre o assunto, e já passou da hora de seus membros seguirem esse exemplo. Uma dica para esses leitores desinformados: Não murmure e choramingue reclame que a citação está “fora de contexto” ou “distorcida” sem antes ler o texto original. Depois que você leu o texto original, e depois que percebeu que a citação não está “fora de contexto” ou “distorcida” (como fora o caso naquele artigo, e como é o caso neste, também), reflita no assunto em pauta. Se, por acaso, você ainda acredita que a citação esteja “fora de contexto” e “distorcida”, delineie especificamente os motivos pelos quais, baseado no texto original, você ainda crê nisso. Não murmure e choramingue apenas, mas argumente sua opinião racionalmente com fatos concretos e argumentos elaborados.
Leia mais sobre honestidade institucional Mórmon
Leia mais sobre honestidade nas publicações padrões
Leia mais sobre exemplos de honestidade em relações públicas
Leia mais sobre honestidade ao lidar com intelectuais Mórmons
Leia mais sobre como lidar com história da Igreja honestamente
Alucinações religiosas são o tipo mais comum de esquizofrenia e são muito frequentes em qualquer ambiente onde predomine o fanatismo. Esse fenômeno não possui nada de sobrenatural pois não passa de uma projeção mental. Se algo realmente aconteceu, foi isso. Entretanto devido a tantas versões
e adulterações pelo qual essa visão passou vemos que se trata de uma fraude, uma armação para enganar e tirar proveito da situação em benefício próprio. Isso é muito comum em meios religiosos onde espertalhões vivem tendo visões e se dizendo profetas, santos para adquirirem status e fama e lograrem os lucros e benefícios disso.
Essas versões não será mais novidade entre os membros da igreja, a igreja publicou sobre as versões da primeira visão no aplicativo biblioteca do evangelho, lá podemos encontrar a melhor explicação sobre as versões.
1) Esses relatos não são “versões”. São relatos distintos. Há uma diferença.
2) Quais “versões” você achou no “aplicativo biblioteca do evangelho”?
3) Qual seria “a melhor explicação” desses diferentes e distintos relatos?