Thomas S. Monson, Profeta Mórmon e 16º Presidente d’A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, foi intimado a depor em processo contra a Igreja por abuso sexual infantil.

Thomas S. Monson, 16º Presidente da Igreja SUD, saúda os escoteiros.
Advogados de quatro nativos americanos solicitaram a intimação de Monson na semana passada como parte de um processo contra a Igreja por falhar em protegê-los de, e após os fatos acobertar, casos de estupros e abuso sexual de crianças sob tutela dela.
Entenda o caso.
Entre 1947 e 2000, a Igreja SUD manteve um programa de assimilação cultural denominado “Programa de Colocação de Alunos Índios”, ou popularmente conhecido como “Programa de Colocação de Lamanitas”, através do qual retirou milhares de crianças ameríndias de seus lares, transferindo-os para lares mórmons brancos adotivos num esforço para assimilar e aculturar essas crianças pobres. As crianças eram prontamente batizadas na Igreja e endoutrinadas na fé mórmon, além de receber educação formal ocidental.
O então Apóstolo Spencer W. Kimball mencionou esse programa em seus comentários durante a Conferência Geral semi-anual de 1960:
“Eu tenho visto um impressionante contraste no progresso do povo indígena hoje em dia… O dia dos Lamanitas está chegando. Por anos eles vêm se tornando deleitosos, e agora estão ficando brancos e deleitosos, como prometido. Nesta foto de 20 missionários Lamanitas, 15 dos 20 eram tão brancos quanto os Anglos; 5 eram mais escuros, mas igualmente deleitosos. As crianças adotadas em lares de Utah são geralmente mais claras que seus irmãos e irmãs nas reservas indígenas. Em uma reunião, um pai e mãe estavam presentes com sua filha de 16 anos, e a jovem moça membro da Igreja — de 16 anos — sentada entre os pais escuros, e era evidente que ela já tinha tons mais claros que seus pais — na mesma reserva, na mesma casa, exposta ao mesmo sol e vento e clima. Havia um médico numa cidade de Utah que por dois anos alojou um jovem índio em sua casa que testemunhou que o rapaz já estava vários tons mais claro que seu irmão recém-chegado da reserva ao programa de adoção. Estes jovens membros da Igreja estão mudando para brancos e deleitosos. Um jovem élder jocosamente disse que ele e seu companheiro estavam doando sangue regularmente no hospital com a esperança de acelerar o processo.” — Spencer Kimball (Conferência Geral Outubro 1960, ênfases nossas)
Em março deste ano, um casal de irmãos da tribo Navajo abriu um processo contra a Igreja, alegando que eles sofreram abusos sexuais e estupro aos 10 e 11 anos de idade, respectivamente, mesmo após haverem sido relocados de famílias várias vezes, justamente por causa desse problema, sofrendo abusos similares em múltiplos lares. Em seu processo, acusavam a Igreja não apenas de saber dos ocorridos, de retornar crianças para lares onde abuso sexual havia sido cometido, mas também de acobertá-los e proteger os culpados sob a guisa de não embaraçar o programa e a Igreja, instruindo líderes locais e membros a não cooperarem com oficiais da lei ou denunciarem os crimes.
No mês seguinte, outra membro da tribo Navajo, encorajado pelo casal de irmãos, abordou os mesmos advogados e juntou-se ao processo, também alegando ter sofrido abuso sexual na sua infância e acobertamento por parte da Igreja. A Igreja imediatamente contestou a jurisdição da Corte da Nação Navajo, independente por tratados com o governo federal dos EUA, solicitando transferência para o judicial federal, onde ela mantém contatos próximos, especialmente com juízes distritais mórmons.
Não obstante, no mês seguinte ainda um quarto membro da tribo veio adiante denunciando abusos físicos e mentais sofridos em seu lar mórmon adotivo enquanto criança e a mesma resposta displiscente por parte de oficiais da Igreja. Novamente, a Igreja respondeu solicitando a transferência para jurisprudência fora do controle de ameríndios para tribunais controlados por anglo-europeus e/ou influenciados pela Igreja e, especialmente, onde leis para tais crimes prescrevem.
Na semana passada, os advogados desses quatro ameríndios Navajo entraram com uma ação para intimar o depoimento de Thomas Monson no dia 4 de agosto, p.f., para explicar e elucidar os pormenores desse programa de assimilação cultural e comentar as falhas na salva-guarda e proteção dessas crianças. A Igreja prontamente solicitou uma medida cautelar para proteger e impedir que Monson tenha que depor.
Os advogados das supostas vítimas alegam que o testemunho de Monson, sob pena de perjúrio, é crucial para desvendar e tornar público os segredos da alta cúpula da liderança da Igreja concernente a esses temas sensitivos (i.e., o programa de cunho racista e o acobertamento eclesiástico de abusos sexuais e infantis) e diretamente pertinentes aos casos dos quatro acusadores. Enquanto isso, advogados da Igreja alegam que Monson não possuiria conhecimento pessoal específico ou direto melhor ou maior que burocratas da Corporação da Igreja, que poderiam testemunhar com propriedade sem indevidamente incomodar o idoso profeta.
O abuso infantil e a pedofilia podem ocorrer onde menos se espera.
O que fazer quando um acontecimento é um crime de fato. Ainda acredito na justiça, temos que procurar a polícia, a justiça pra resolver problemas como esse. Como igreja há fatos que penso eu que não são encobertos, mas são de cunho privado, em que a própria vítima deseja o seu devido resguardo. E me desculpe, mas crimes devem ser tratados na esfera criminal é não na igreja, uma vez que o que um bispo pode fazer? Se o que precisa ser feito não é de sua competência. E sim o presidente deveria ir depor, precisamos ter sempre uma postura de buscar e apoiar a justiça, pq se um crime ocorreu que o culpado pague pelos seus atos.