Surpreendendo a todos os analistas e as pesquisas de opinião pública, Donald J. Trump foi eleito o 45º Presidente dos Estados Unidos da América.
E com considerável e majoritário apoio da comunidade mórmon.
As eleições de ontem viram o estado de Utah, cuja maioria mórmon o torna um curral bastião eleitoral do Partido Republicano, votar por Trump com maioria folgada e absoluta. Pesquisas de boca de urna ainda demonstram que 61% dos mórmons votaram por Trump (apenas 25% por Clinton), o grupo religioso que votou mais em peso por ele, numa eleição onde brancos e evangélicos (e com baixa escolaridade) votaram em massa para determinar o resultado.

Julie Beck, a 15a Presidente Geral da Sociedade de Socorro e membro do conselho do Sistema Educacional da Igreja, em campanha por Donald Trump oferecendo oração pedindo-lhe a bênção de Deus
Essa enorme diferença de votos entre brancos, de um lado, e não-brancos do outro não é mera coincidência. Racismo e tensões raciais foi um dos principais temas, e maior triunfo, da campanha de Trump. Independente de motivações pessoais, ideologias políticas, ou considerações de interesses de grupos, o presidente-eleito Donald Trump ofereceu durante sua campanha eleitoral uma visão francamente aberta de xenofobia, racismo, misoginia, intolerância religiosa, desonestidade, ignorância, preconceito, autocracia e irresponsabilidade antidemocrática. Isso sem falar na apologia ao bullying e o incentivo ao racismo contra crianças.
“É difícil ser um pai esta noite para muitos de nós. Você diz para seus filhos não ser um bully. Você diz para seus filhos não ser um fanático. Diz aos seus filhos que façam o dever de casa e estejam preparados. E aí você tem esse resultado. E você tem pessoas que estão colocando as crianças na cama esta noite, e elas têm medo do café da manhã. Eles estão com medo, como eu explico isso para meus filhos? Tenho amigos muçulmanos que estão me enviando mensagens de texto esta noite, dizendo: “Devo deixar o país?” Eu tenho famílias de imigrantes que estão aterrorizados esta noite. Isso foi muitas coisas. Isso foi uma rebelião contra as elites, é verdade. … Mas também era sobre outra coisa. … Isso foi uma chicotada branca. Isto era um chicote branco contra um país em mudança. Era um chicote branco contra um presidente negro, em parte. E essa é a parte de onde a dor vem.” — Anthony Kapel “Van” Jones
Há quatro anos atrás, nós publicamos alguns artigos documentando o hábito, desconfortavelmente frequente, do candidato mórmon ao mesmo cargo pelo mesmo partido, Mitt Romney, de mentir e distorcer os fatos. [ver aqui e aqui] Não obstante, jamais questionamos a capacidade intelectual ou senso de responsabilidade de Romney, que inclusive foi um dos primeiros Republicanos a aberta e publicamente denunciar Trump e urgir seus partidários a derrotá-lo nas eleições.

Cantando mulheres casadas? Compactuando com violência sexual? Tais vis degradações reduzem nossas esposas e nossas filhas e corrompem a imagem da América perante o resto do mundo.
Embora algumas Autoridades Gerais eméritas e muitos políticos mórmons estejam ativamente fazendo campanha por Trump, e apesar de receber muito apoio de membros da Igreja SUD, muitos mórmons surpreendentemente romperam com seus laços tradicionais ao Partido Republicano durante a campanha eleitoral e haviam indicado votar contra ele. Alguns mórmons, inclusive, organizaram-se para apoiar sua principal oponente, Hillary Clinton.
Não obstante, mórmons superaram taxas de rejeição de um candidato Republicano sem precedentes, em grande parte por sua conduta sexualmente agressiva e violenta, e votaram em peso pelo “chicote branco” contra negros e latinos e muçulmanos. O voto mórmon a favor de Trump foi um voto a favor dos ideais fascistas que ele defende e prega, e contra decência, liberdades democráticas, e ética. Mórmons, especialmente em Utah, deixaram claro suas prioridades políticas e ideológicas nessas eleições.
A partir desta quarta-feira, voltemos todos às discussões e debates sobre políticas públicas, economia, e ideologias. Por agora, mórmons votaram por ignorar os princípios básicos humanistas de responsabilidade pública, democracia, respeito ético a minorias e a todos os seres humanos, valorização dos fatos e das ciências, que nos trouxeram ao período de maior prosperidade na história da humanidade.
Por que neo-nazistas apoiaram Donald Trump?
O que Donald Trump pensa em política externa?
Por que Donald Trump abusa sexualmente de mulheres?
Por que Donald Trump faz apologia à violência partidária?
E como sua apologia à violência influência seus eleitores?
Trágico, triste, mas não inesperado .sem palavras…
Lamentavel membros da igreja votar nesse candidato deploravel. Os membros da igreja que deveriam rejeitar todo tipo de preconceito e odio acabaram apoiando em massa o Trump.