Patriarcas: Pais Para Os Órfãos

John_Taylor_seated_in_chairO texto a seguir é a tradução de partes do editorial escrito por John Taylor em 1845, sobre a natureza do ofício patriarcal. O texto suscita alguns pontos interessantes, especialmente o fato de patriarcas ordenados estarem reparando, por assim dizer, uma situação problemática na Igreja. Para John Taylor, a bênção patriarcal é a bênção de um pai sobre seus filhos. Dessa forma, é direito do pai administrar tal bênção para sua própria família. O patriarca ordenado seria apenas um “procurador”, agindo em favor daqueles que são órfãos do sacerdócio.

Todo pai, após receber sua bênção patriarcal, é um Patriarca para sua própria família, e tem o direito de conferir bênçãos patriarcais sobre sua família; essas bênçãos serão tão legais quanto as conferidas por qualquer Patriarca da Igreja: na verdade, é seu direito; e um Patriarca ao abençoar seus filhos [de outro homem], só pode abençoar como seu porta-voz. Um Patriarca da igreja é nomeado para abençoar aqueles que são órfãos, ou não tem pai na igreja para abençoá-los. (…)

Adão foi o pai natural de sua posteridade, que era a sua família e sobre a qual presidiu como patriarca, profeta, sacerdote e rei. Tanto Abraão quanto Jacó estavam na mesma relação com suas famílias. Mas não foi assim com Pai Joseph Smith [sênior], Hyrum Smith ou William Smith. Eles não eram pais naturais da igreja, e não podiam ficar na mesma posição de Adão, Abraão, ou Jacó; mas assim como não havia ninguém para abençoar as gerações passadas de acordo com a antiga ordem, eles foram ordenados e designados para o propósito de conferir bênçãos patriarcais, para portar as chaves deste sacerdócio, e abrir a porta que havia sido há muito fechada para a família humana: para que as bênçãos possam novamente ser conferidas de acordo com a antiga ordem, e aqueles que eram órfãos, ou não tivessem um pai para abençoá-los, pudessem recebê-la através de um patriarca que deve agir como procurador para seu pai, e para que os pais possam de novo ser capazes de atuar como patriarcas de suas famílias, e abençoar seus filhos; pois como todas as outras ordenanças da igreja, essa havia sido negligenciada e deve ser restaurada.

John Taylor no jornal Times & Seasons, Vol. 6:921-22; 01 de junho de 1845, Nauvoo, Illinois.


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12 comentários sobre “Patriarcas: Pais Para Os Órfãos

  1. É curioso ponderar como esse conceito de Patriarca se encaixaria no contexto de 3 Sacerdócios de Joseph Smith, até porque Taylor não só foi contemporâneo de Smith, como foi induzido ao Apostolado e ao Quorum dos Ungidos por ele.

    • Sem dúvida, Marcello.

      Mesmo sem levar em conta outras organizações estabelecidas por Joseph Smith em Nauvoo, claramente familiares com a lei da adoção e a ordem Sagrada (Holy Order), é possível vislumbrar as três ordens também representadas na própria Igreja de Cristo.

      Com os três ofícios presidentes de patriarca presidente (patriarca da Igreja), bispo presidente e presidente do sacerdócio (na primeira presidência), estariam representadas as três grandes ordens do sacerdócio – Patriarcal, Aarônico e de Melquisedeque.

      John Taylor estava ciente disso tudo e provavelmente acreditava em muito mais coisas do que escreveu. Esse editorial de 1845 na verdade foi escrito em parte para relativizar a proeminência do ofício de Patriarca Presidente, dado o contexto da crise de sucessão em que a implementação de D&C 124 – com o patriarca presidindo sobre todos, inclusive os apóstolos – foi novamente impedida.

    • No meu entendimento limitado, também faz muito sentido, David!

      O que fica implícito nas afirmações de John Taylor é a ideia de que a ordem apostólica foi pensada originalmente para reconstituir a ordem familiar – patriarcal e matriarcal – do evangelho.

      • Essa parece ser a perspectiva abraçada no artigo “Tribal Worship Services”, disponível em http://ldsanarchy.wordpress.com/2010/09/22/tribal-worship-services/, onde o pai/marido (portador do Sacerdócio de Melquisedeque) é considerado o “líder do sacerdócio” no seu lar (de acordo com a ordem patriarcal) e administra certas ordenanças aos membros da sua família imediata (ou seja, sua “tribo”), sem a necessidade de nenhum tipo de autorização especial pelo Bispo ou pelo Líder do Quórum de Élderes – ainda que reconheça a necessidade dessas bençãos e ordenações serem “validadas” por oficias devidamente autorizados pela Igreja. Porém, neste caso, a Igreja (instituição) é vista apenas com um apêndice para aqueles que carecem dessa autoridade no seu próprio lar e são, portanto, “adotados” pela “família da Igreja” e passam a se beneficiar dessas bençãos e ordenanças.

      • Ainda tenho que ler o artigo, Leonel, mas a sua interpretação dele soa muito similar ao conceito de autoridade patriarcal. Muito do que é mostrado no templo parece se relacionar a essa dimensão do evangelho, com o problema que ao sair de lá não há os recursos ou instituições para viver essa dimensão.

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