Mulheres Mórmons Temem Poligamia Eterna

Estudo demonstra que mulheres mórmons, membros d’A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, sofrem na atualidade com a perspectiva de poligamia na vida pós-mortal.

O estudo, conduzido pela pesquisadora Carol Lynn Pearson, ouviu de mais de 8 mil respondentes mórmons que apenas 15% deles sentiam-se à vontade com o conceito de poligamia na vida após a morte, enquanto 85% sentiam-se incomodados, desanimados, desconfortáveis ou abertamente em oposição à prática.

Pearson publicou seus resultados e suas análises no livro ‘Fastasmas da Poligamia: Assombrando os Corações e o Céu de Mulheres e Homens Mórmons‘, também disponível no formato eletrônico, junto com inúmeros relatos pessoais coletados de seus respondentes.

Pearson explica que, apesar da Igreja haver banido a prática publicamente em 1890 e de facto em 1904, poligamia ainda é uma realidade na crença mórmon e na experiência religiosa até hoje. Mórmons creem que, através da cerimônia de selamento, seus casamentos durarão por toda eternidade, mas enquanto uma mulher só pode ser selada a um único homem para a eternidade, um homem viúvo pode ser selado a quantos mulheres quiser ou puder. Esse assimetria matrimonial eterna influenciaria negativamente os casamentos na atualidade.

Por exemplo, Pearson relata um testemunho de uma mulher que, ciente de que será obrigada a compartilhar seu marido com outras esposas no futuro, sente a necessidade de conter-se ou retrair-se dentro de si em seu casamento para não sentir-se traída quando terá que dividir seu esposa com outras.

O problema, apesar de desproporcionalmente impactar negativamente mulheres, ele também afeta os homens. Casar-se com viúvas seladas expõe o desafio de lidar com o fato que essa conjuge atual será esposa de outro homem (o primeiro marido) na eternidade. Além disso, seus filhos no segundo matrimônio permanecerão selados à mãe e, consequentemente, ao seu primeiro marido e não ao pai biológico.

Pearson relata, como exemplos, testemunhos de pessoas que recusaram-se namorar ou envolver-se com viúvas justamente para evitar tais  desafios eternos.

“Em nossa Igreja, com sede em Salt Lake City – não nos grupos de dissidentes fundamentalistas, muitas vezes violentos ou bizarros como o que caiu na infâmia por causa de Warren Jeffs, mas a Igreja SUD do Coro do Tabernáculo, Mitt Romney, e Donny e Marie Osmond – a Igreja que eu frequento semanalmente – poligamia não é um artefato em um museu. Ela está viva e não muito bem, um fantasma que tem uma vida escura própria – escondida nos recessos da psique Mórmon, causando profunda dor e medo, assegurando mulheres de que elas ainda são objetos, danificando ou destruindo casamentos, trazendo caos para as relações familiares, levando muitos a perder a fé na nossa Igreja e em Deus. Apesar de seu dano óbvio, ao Fantasma é dado um lugar de honra na mesa da família.” (‘Fastasmas da Poligamia: Assombrando os Corações e o Céu de Mulheres e Homens Mórmons‘, p.7)

Em seu livro, Pearson reconta testemunhos de membros ativos que sofreram para lidar com as ramificações da poligamia eterna. Um Bispo se sentia ressentido ao ter que confirmar a uma jovem membro que seu pai, viúvo de sua mãe e recentemente recasado, havia transformado sua família em uma família polígama, especialmente quando a jovem afastou-se da Igreja por isso. Uma esposa de Presidente de Templo sentia remorso por haver mentido para uma investigadora ao lhe afirmar que “as bençãos de templo são iguais para todos”, ciente de que não são iguais entre homens e mulheres.

Mórmons da Igreja SUD podem não praticar poligamia abertamente com os de outras igrejas ditas “fundamentalistas”, mas a Igreja ainda crê na doutrina de poligamia e ela ainda pratica-a de forma mais sutil e esotérica, mas não menos real.

Você aceita poligamia como um princípio eterno, a ser praticado na vida pós-mortal? Você aceita que poligamia é essencial para exaltação, como ensinam os Profetas e Apóstolos? Você, mulher, estará disposta a dividir seu marido na eternidade? Sente-se bem e feliz com isso?


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32 comentários sobre “Mulheres Mórmons Temem Poligamia Eterna

  1. Paulo concordo com você, por diversos relatos a prática foi mas maléfica do que benéfica, brigas filhos ilegítimos, ciúmes ambiente familiar desfavorável. E nenhum benefícios, na verdade foi gerado varios filhos sem estrutura, muitos o pai não conseguia manter.
    Não creio ser uma prática celestial, creio muito mas ser uma pratica mundana e creio assim como pregada por Joseph Smith III, um erro.

    • Exatamente Priscila, um erro. Já foi exposto em bases bem sólidas que a “revelação” da poligamia foi uma tentativa de esconder o erro do adultério de Joseph Smith e que na época colou bem nas mentes cegas e deslumbradas dos seus seguidores. Erro esse denunciado por Oliver, resultando na sua excomunhão. Ainda me surpreendo que dentro da delirante doutrina mórmon, não tenha surgido em todos esses anos uma “revelação” de que foi tirado duas costelas de Adão em vês de apenas uma, levando Deus a Adão duas esposas. Seria a glória e justificaria tudo. Mas “revelações” bombásticas e polêmicas já não são convenientes para a igreja nos dias atuais.

  2. É muito difícil entender oque levou Joseph a instituir a poligamia é literalmente um quebra cabeças com uma peça faltante. Por um lado sabemos que tais idéias estiveram presentes na mente de Joseph muito cedo na composição doutrinária da Igreja, sabemos que outro lado teve haver com desvios de conduta do Próprio Smith em relação a Emma , também houve influencia externa de alguns indivíduos que se filiaram a igreja e grupos religiosos que pregavam uma espécie de amor livre. Agora o negócio fica mais dificil ainda com as perguntas que ficam: Smith teve 27 esposas e nenhuma delas teve filhos?, Inúmeras cartas declaram um amor incondicional a Emma e um carinho de dar inveja a alguns homens modernos, por que, se tinha tantas outras a disposição? Por que muitos dos seus melhores amigos tiveram suas esposas assediadas e mesmo assim continuaram leais a causa? como podia ser tão carismático com uma reputação dessas? por que negou publicamente tantas vezes a poligamia de forma contundente e firme? Porque Emma, amava o “cara” tanto assim a ponto de continuar fiel a ele, negar tal prática a própria família e filhos e ainda morrer idosa pronunciando o nome do marido falecido a décadas? E por fim qual era realmente o modo de vida conjugal entre os primeiros mórmons? principalmente em Navoo?
    Seja como for pessoalmente acho que a poligamia só causou problemas para a Igreja naquela época e atualmente, basta somente um pouco de razão e bom senso para compreender, que Deus tem pouco ou nada haver com tal prática.

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